O Presidente da República classificou hesta sexta-feira como "um absurdo" falar-se da exigência de um acordo escrito aos partidos ainda antes das eleições antecipadas de 30 de janeiro, considerando que essa “não é uma regra” da democracia portuguesa.
“É um absurdo antes de o povo escolher o Presidente estar a pronunciar-se sobre aquilo que ele deve escolher e em que termos deve escolher, isso não existe”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, em Albufeira, quando questionado sobre a eventual exigência de um acordo escrito para o novo aeroporto de Lisboa.
O chefe de Estado pronunciou-se, pela primeira vez, sobre as notícias de que iria exigir um acordo escrito aos partidos de forma a garantir a governabilidade após as legislativas antecipadas, tal como o seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, fez em 2015 ao PS, BE, PCP e PEV, depois de a coligação PSD-CDS ter vencido as eleições sem maioria absoluta.
“Isso é uma maneira indireta de perguntar acerca de uma coisa que vi publicada, não sei onde, sobre a minha exigência de um acordo escrito a seguir às eleições, o que é um absurdo. Isso é chamado de um absurdo”, assinalou.
O Presidente salientou que, primeiro, “o povo é livre de escolher e, por outro lado, sabe-se que, em circunstâncias anteriores, não exigia acordo escrito".
"Portanto, é um cenário que antecipa a expressão da vontade do povo, o que já é original, e representaria uma mudança da orientação do Presidente da República relativamente ao passado. Os analistas têm direito a fazer todos os cenários e eu digo que este está muito longe daquilo que corresponde neste momento à realidade vivida", concluiu.