Os youtubers Wuant, Tiagovski e Bruno Mota estão preocupados com o futuro dos seus canais na plataforma cibernética, depois de verem bloqueados vários vídeos em que promoviam sites ilegais de jogo online.
A Renascença voltou a tentar obter a reação dos visados na investigação que levou o YouTube a bloquear os vídeos, não tendo obtido resposta. No entanto, os três youtubers falaram ao seu público, em vídeos publicados nos seus canais.
Wuant, Tiagovski e Bruno Mota revelam que, daqui para a frente, terão mais dificuldade em sustentar-se apenas com o conteúdo que publicam na plataforma, já que o pagamento dos sites de apostas era uma das maiores fontes de sustento dos canais.
Bruno Mota assume mesmo que o facto de não poder recorrer a este tipo de patrocínios poderá significar o fim da sua carreira como youtuber profissional. Caso não encontre outro tipo de retorno, terá de arranjar um emprego e deixará de ter tempo para atualizar tanto o canal.
“Não tenho problema nenhum em ter um emprego comum, mas isto é o que eu gosto de fazer”, disse Bruno Mota aos seus seguidores.
Bruno considera que “o YouTube não dá o devido valor” ao trabalho dos criadores de conteúdo e o dinheiro que vem dos anúncios não chega para se sustentarem.
Também Wuant assumiu, num vídeo, que esta situação terá “um grande impacto” nos seus objetivos e que os seus fãs irão ter menos vídeos para ver. “Estou um bocadinho em baixo”, admitiu o youtuber.
Dois dias depois, Wuant voltou atrás na decisão. “Face ao que tem acontecido nos últimos dois dias, estive a pensar e não faz sentido dar uma pausa agora. Agora é a altura de continuar como sempre fiz, e encontrar motivação no meio de tanta negatividade. Obrigado a todos e fiquem à espera dos vídeos”, escreveu no Twitter.
Milhares de vídeos eliminados ou editados
Muitos dos youtubers portugueses recorriam a este tipo de sites para financiarem o seu trabalho. Com a ação recente do YouTube, os criadores de conteúdo fizeram questão de eliminar todas as referências que tinham a sites de apostas, para evitar mais bloqueios.
Tiagosvki diz ter eliminado mais de mil vídeos do seu canal, que tinham um total de mais de 92 milhões de visualizações.
Também Bruno Mota diz ter passado cerca de três horas a ver os 1.500 vídeos do seu canal e a editar todos os que faziam referência a sites de apostas.
No seu vídeo de "regresso", Tiagovski conta que esteve banido do YouTube durante uma semana, devido a um "strike" (advertência).
Este é um castigo que já existe há vários anos no YouTube, mas em fevereiro deste ano as regras ficaram mais apertadas para quem reincide nos erros.
Na primeira advertência, o conteúdo que infringir as regras é removido, sem qualquer outra consequência para o canal em questão. Nos três meses seguintes, caso o youtuber obedeça às regras, há um "reset" no seu contador e o "cadastro" volta a ficar em branco.
No caso de uma segunda advertência no prazo de 90 dias, o canal fica “congelado”, durante uma semana; à terceira, é suspenso durante duas semanas.
Por fim, no caso de haver um terceiro “strike” neste mesmo prazo, o canal será removido da plataforma.
Isto significa que, nas próximas semanas, caso cometa mais duas infrações, o canal de Tiagovski poderá ser fechado.
Youtubers atribuem bloqueio a "atualização recente" dos termos da plataforma.
Nos vídeos de reação, Wuant, Tiagovski e Bruno Mota atribuem o bloqueio dos vídeos a "uma atualização recente dos termos do YouTube".
Questionada pela Renascença, porta-voz da Google garante que sempre existiu, nas políticas de anúncios da empresa, um capítulo dedicado à promoção de jogos de azar. A empresa lembra que todas as promoções pagas, incluindo os conteúdos patrocinados, devem respeitar estas regras.
Nestas políticas, pode-se ler que “a Google apoia a publicidade responsável a jogos de azar e respeita as leis locais referentes a jogos de azar e as normas da indústria, pelo que não autoriza determinados tipos de publicidade relacionada com jogos de azar”.
Para fazer publicidade neste setor, é necessário o anunciante ter uma certificação do Google Ads adequada e cumprir as leis locais.
Além disso, o respeito pelas leis de cada país está também desde o início salvaguardado nas políticas do YouTube.
Ora, desde 2015 que, em Portugal, está em vigor o Regime Jurídico dos Jogos e Apostas Online, que criminaliza a promoção de jogo ilegal em Portugal. Assim, os vídeos do género, publicados nos últimos quatro anos, são ilícitos, pelo que quebram também os termos do YouTube.