Marcelo Rebelo de Sousa afirma que o Presidente da República terá de explicar bem o que vai fazer após as eleições. O comentador e antigo líder do PSD, apontado como possível candidato a Belém, afirma que, se nenhuma força política tiver maioria absoluta, Cavaco Silva terá de procurar uma solução que permita viabilizar o programa do futuro governo e o orçamento para o próximo ano.
“As várias forças partidárias têm posições que todas elas conduzem, somadas - ou por indefinição ou por definição negativa - à inviabilidade de uma solução governamental estável”, alertou num almoço da Câmara de Comércio Luso-Espanhola, acrescentando: “O Presidente terá de procurar aquela solução que dispõe de maior apoio positivo no Parlamento”.
Esta solução, disse o comentador e político, tem que ser “explicada claramente aos portugueses e os partidos têm de ajudar na procura dessa solução”.
Marcelo lembrou que se entendeu no passado com António Guterres, quando o socialista era primeiro-ministro e ele líder do PSD, desafiando PS e coligação PSD/CDS a agora fazerem o mesmo.
“Chegámos a estar no mesmo hotel, em vários pontos da Europa onde havia cimeiras europeias, e nós conseguíamos – sem que os jornalistas soubessem – encontrávamos-nos às tantas da noite, no quarto dele ou no meu, para discutirmos o que era bom para o país”, contou esta quinta-feira.
Na quarta-feira, à margem da 70ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, Cavaco Silva disse que sabe "muito bem aquilo que irá fazer" no pós-eleições e que é "totalmente insensível a quaisquer pressões", escusando revelar "um centímetro" do que tem na "cabeça".
Esta quinta-feira, fonte de Belém disse à Lusa que o Presidente passará o dia seguinte às eleições em "reflexão sobre as decisões que terá de tomar nos próximos dias". Por isso, Cavaco não estará presente nas cerimónias do 5 de Outubro.