A manifestação aconteceu um dia depois de os docentes universitários se reunirem em assembleia geral, tendo decidido manter a greve, que dura desde 03 de janeiro, por tempo indeterminado.
"Foi um sucesso", descreveu o secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior (Sinpes), Eduardo Peres Alberto, indicando que aos docentes de Luanda se juntaram também colegas de outras províncias, entre as quais o Cuanza Norte e Cuanza Sul.
O protesto teve o seu início pelas 13h00 na Faculdade das Humanidades da Universidade Agostinho Neto e terminou cerca de uma hora mais tarde em frente ao ministério das Finanças, onde entoaram o hino nacional e leram as deliberações aprovadas na assembleia-geral de sexta-feira.
"O objetivo era transmitir a mensagem do Sinpes e mostrar que a comunidade académica estava presente", adiantou, acrescentando que o protesto decorreu "com elevado espírito de civismo e sem ocorrências policiais".
Na terça-feira, os representantes do sindicato tencionaram entregar o dossiê com as deliberações no Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), o órgão que tem intermediado as negociações.
Entre estas, inclui-se a rejeição da proposta de 04% de aumento salarial e a manutenção dos subsídios, mantendo-se a "vontade de negociar" com o ministério do Ensino Superior, segundo Eduardo Peres Alberto.
Os professores vão continuar a manter a greve e anunciaram igualmente a intenção de se manifestarem de 15 em 15 dias até que os seus apelos sejam ouvidos.
O líder do Sinpes enalteceu "o espírito da classe docente" e apelou ao governo para que oiça o seu "clamor", de forma a ultrapassar a greve que já dura há mais de três meses.
O Sinpes reclama nomeadamente do "incumprimento" do memorando de entendimento assinado em novembro de 2021 por parte das autoridades.
Um salário equivalente a 2.000 dólares (1,7 mil euros) para o professor assistente estagiário e a 5.000 dólares (4,4 mil euros) para o professor catedrático são as propostas salariais do Sinpes para contrapor os atuais "salários medíocres".
O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação angolano considerou, em fevereiro, que o aumento salarial dos docentes, em greve, era um "processo delicado e complexo", garantindo, no entanto, que decorriam ações a nível do Governo nesse domínio, em sede de uma abordagem mais geral da matéria salarial da administração pública".
Pelo menos duas manifestações, visando o retomar das aulas no ensino superior público, foram realizadas em fevereiro, nos dias 05 e 19, pelos estudantes que pediam a intervenção do Presidente angolano, João Lourenço, para a resolução do impasse.