Covid-19. Cerca sanitária em Odemira implica redução de 40% da mão de obra
01-05-2021 - 21:43
 • Renascença

A associação que representa os horticultores de Odemira teme desperdício de "milhares de toneladas de produtos", o que pode levar as empresas da região a perder "milhões de euros".

Veja também:


A associação que representa os horticultores de Odemira avisa que a cerca sanitária em vigor desde sexta-feira implica uma redução de 40% da mão de obra. Algo que, "em pleno pico de produção", representa um desperdício de milhares de toneladas de produtos e, por conseguinte, um prejuízo de milhões de euros para as empresas que operam na região.

Em comunicado enviado à Renascença, a Associação dos Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur (AHSA) salienta que a impossibilidade de permitir que os trabalhadores, mesmo que testados à Covid-19, possam deslocar-se para o local de trabalho pode comprometer todo um ano de produção. Algumas empresas poderão não conseguir "salvaguardar os compromissos assumidos" com fornecedores e clientes, "condicionando ainda encomendas a curto e médio prazo".

"A AHSA não está alheia à situação pandémica. Contudo, não pode deixar de demonstrar preocupação pela forma como as decisões sanitárias estão a ser tomadas, sem ter em consideração o impacto económico nos trabalhadores e nas empresas, cujo peso no PIB nacional e nas exportações é fundamental para o país e decisivo para a região", lê-se.

A AHSA defende a testagem em massa e o isolamento dos casos positivos à Covid-19, ainda que "permitindo que a restante população ativa possa continuar a laborar". A associação refere, ainda, que já solicitou ao Governo que permita que os trabalhadores com certificado de teste negativo ao novo coronavírus passem a cerca sanitária: "Até ao momento não obtivemos abertura para essa nossa pretensão."

Duas freguesias recuam para o início


Em Odemira, um caso considerado "particular" pelo primeiro-ministro, António Costa, devido à situação dos milhares de migrantes a trabalhar na agricultura da região, foi imposta uma cerca sanitária em duas freguesias, São Teotónio e união de Longueira e Almograve.

Estas freguesias voltam à primeira fase de desconfinamento, de 15 de março; as restantes passam para a próxima fase de reabertura.

O presidente da Junta de Freguesia de São Teotónio, no concelho de Odemira, em Beja, culpou, na sexta-feira, o Governo pela necessidade de criação de uma cerca sanitária na sua freguesia, mostrando "consternação e surpresa" com o anúncio do primeiro-ministro.

"São Teotónio está na ser vítima da incompetência deste Governo, que parece só agora ter acordado para esta realidade. A situação não tem sido acompanhada e não foi devidamente acautelada, mas o Governo sabe há muito tempo o que se passa nesta freguesia", afirmou Dário Guerreiro.