“Esperar e agir com a criação” é o tema escolhido pelo Papa para o próximo Dia de Oração pelo Cuidado da Criação, que se realizará no próximo dia 1 de setembro.
No texto, divulgado esta quinta-feira, o Papa pede para a esperança ser testemunhada “no interior dos dramas da carne humana que sofre”. E acrescenta que “se alguém sonha, então que sonhe com os olhos abertos, animados por visões de amor, fraternidade, amizade e justiça para todos”.
O âmago da dor do mundo não atinge apenas o ser humano, mas todo toda a criação e, neste contexto, o cristão é chamado a “permanecer firme no meio das adversidades, a não desanimar nos momentos de tribulação nem diante da barbárie humana” porque “a esperança é uma leitura alternativa da história e dos acontecimentos humanos: não ilusória, mas realista, do realismo da fé que vê o invisível”, escreve o Papa.
A luta moral dos cristãos
Perante tanto mal, tanta injustiça e “tantas guerras fratricidas que provocam a morte de crianças, destroem cidades, poluem o ambiente em que vive o homem, a mãe terra, violada e devastada”, Francisco sublinha que “a luta moral dos cristãos está ligada ao ‘gemido’ da criação, que anseia impacientemente, para que a condição atual possa ser superada e a original restabelecida”.
O Papa pede aos fiéis que se mantenham vigilantes e disponíveis e apela “à conversão dos estilos de vida, a resistir à degradação humana do meio ambiente e a manifestar aquela crítica social que é, em primeiro lugar, testemunho da possibilidade de mudança”.
Para Francisco, “esta conversão consiste em passar da arrogância de quem quer dominar os outros e a natureza – reduzida a um mero objeto manipulável – à humildade de quem cuida dos outros e da criação”. Por isso, o tema escolhido para este ano, “esperar e agir com a criação”, revela a necessidade de “unir forças e, caminhando juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade, ajudar a repensar a questão do poder humano, do seu significado e dos seus limites”.
Um poder descontrolado gera monstros
O Papa recorda que “a terra está confiada ao homem, mas continua a ser de Deus”, por isso, o homem deve passar de “predador” a “cultivador”. E como “um poder descontrolado gera monstros e volta-se contra nós mesmos”, é urgente colocar limites éticos e teológicos para que o homem “não domine nem manipule a natureza a seu bel-prazer”.
Esta Mensagem insiste que “a salvaguarda da criação não é apenas uma questão ética, mas é eminentemente teológica porque, na realidade, diz respeito ao entrelaçamento entre o mistério do homem e o mistério de Deus”.