Papa deixa conselhos para “a humanidade ressuscitar” após pandemia
17-04-2020 - 12:02
 • Aura Miguel

Francisco rejeita uma fé virtual. “Familiaridade sem comunidade, sem Igreja, sem os sacramentos, é perigosa”, adverte.

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Em jeito de meditação, o Papa escreveu “um plano para ressuscitar” a humanidade depois da pandemia do novo coronavírus. Num texto divulgado nesta sexta-feira pela revista espanhola “Vida Nueva”, Francisco apela ao “contágio com os anticorpos da justiça, da caridade e da solidariedade”.

Como ultrapassar esta situação “sem esquecer as graves consequências que se vislumbram” e a dor e luto “que nos desorientam e paralisam?”, interroga Francisco no texto.

Depois de elogiar a dedicação e solidariedade dos profissionais e de tantas pessoas que, individualmente ou em grupo, se dedicam a ajudar os mais vulneráveis, o Papa reflete no futuro, a partir dos acontecimentos da Ressurreição de Jesus.

“Se aprendemos alguma coisa neste tempo é que ninguém se salva sozinho”, por isso, “não nos conformemos com lógicas paliativas que impedem de assumir o impacto e as graves consequências do que estamos a viver”, afirma.

“Uma emergência como a da Covid-19 derrota-se, em primeiro lugar, com os anticorpos da solidariedade”, acrescenta, apelando ao protagonismo do povo de Deus e recordando os seus recentes apelos a favor de um salário mínimo universal, da condenação da dívida externa, do apoio aos pactos para as migrações e acordos climáticos.

O perigo de uma fé virtual

Francisco rezou, nesta sexta-feira de manhã, pelas grávidas que se inquietam com o futuro dos filhos. Na homilia da missa, em Santa Marta, reconheceu que uma vida de fé, sem comunidade e sem ir à igreja “é perigosa”.

“Nós, cristãos, devemos crescer nesta familiaridade, que é pessoal mas comunitária. Uma familiaridade sem comunidade, sem Igreja, sem os sacramentos, é perigosa, pode tornar-se uma familiaridade gnóstica, separada do povo de Deus”, aviou o Papa.

Itália tem sido dos países europeus mais fustigados pela pandemia criada pelo novo coronavírus. O país está em estado de emergência, período que deve prolongar-se até dia 3 de maio.

Mas, antes disso, as restrições deverão começar a aligeirar, com a abertura de alguns negócios, como livrarias, papelarias e alguns serviços florestais.