Jardineiro com cancro ganha batalha contra o glifosato. Multinacional recorre
12-08-2018 - 16:50

Monsanto foi condenada a pagar 290 milhões de dólares por não ter aviso de perigo em herbicida. Dewayne Johnson tem um cancro terminal depois de trabalhar vários anos com o produto "Roundup".

Um tribunal de São Francisco, nos Estados Unidos, condenou o gigante agroquímico norte-americano Monsanto a pagar 290 milhões de dólares por não ter informado sobre a perigosidade do herbicida “Roundup”, na origem de um cancro num jardineiro.

O “Roundup” contém glifosato, um químico há muito contestado pelos ambientalistas e por especialistas em saúde. A sentença, conhecida na sexta-feira, pode provocar ondas de choque um pouco por todo o mundo.

Os jurados determinaram que a Monsanto agiu “com maldade” e que o seu herbicida ‘Roundup’, ainda que na sua versão profissional RangerPro, contribuiu “consideravelmente” para a doença do jardineiro Dewayne Johnson.

A Monsanto, comprada pela alemã Bayer, foi processada pelo jardineiro americano, de 46 anos, vítima de um cancro em fase terminal, após ter vaporizado com o herbicida “Roundup” durante vários anos.

A Monsanto já anunciou, em comunicado, que vai recorrer da sentença e reiterou que o glifosato não provoca o cancro e não foi responsável pela doença do jardineiro americano.

“A decisão do tribunal contradiz as conclusões científicas”, corroborou o porta-voz.

Na reação à condenação milionária, a farmacêutica Bayer garante que o glifosato, composto usado em herbicidas, é “seguro e não cancerígeno”, após a sentença de um tribunal que confirmou os perigos do produto Roundup, comercializado pela agroquímica Monsanto.

A garantia decorre de “provas científicas, sujeitas a exames regulares à escala mundial” e de “dezenas de experiências práticas de utilização do glifosato”, disse um porta-voz da farmacêutica alemã Bayer, não identificado pela agência AFP.

O glifosato, presente no produto “Roundup”, é uma substância muito controversa, que tem sido objeto de estudos científicos contraditórios quanto à presença de elementos cancerígenos.

Criticado em todo o planeta, mas raramente proibido ou condenado, o glifosato é considerado, desde 2015, como “provavelmente cancerígeno” pela Organização Mundial de Saúde.

Após dois anos de intensos debates, a União Europeia renovou, em finais de 2017, a licença do glifosato por cinco anos.