A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) foi recebida esta terça-feira de manhã no Ministério da Defesa para uma reunião onde em cima da mesa estaria a negociação sobre a atualização remuneratória, mas tal não aconteceu.
Em declarações à Renascença, o presidente da AOFA, António Mota, explica que, como era esperado, "não aconteceu negociação coisa nenhuma, porque associações profissionais só há três: oficiais, sargentos e praças e hoje vão ser recebidas a Associação de Faroleiros, Polícia Marítima, militares na reserva e na reforma, tudo associações que nada têm a ver com a negociação."
António Mota acrescenta que "o que aconteceu foi o logro que já tínhamos antevisto e que consistiu na leitura de um documento por parte do secretário de Estado, onde foi transmitido que serão aplicadas aos militares exactamente as mesmas condições aplicadas a toda a administração pública".
As associações militares não marcam presença na Concertação Social e devem legalmente ter espaço para negociação junto do Ministério da Defesa, de Helena Carreiras.
Descontentes, os militares dizem basta. "Para nós a brincadeira também acabou. Os portugueses vão - porque a tal nos obrigam - começar a ver os militares na rua em manifestações dentro da legalidade porque nós não incumprimos, mas vamos utilizar todos os meios possíveis e imaginários para defender os legítimos direitos dos militares das forças armadas”, refere o presidente da AOFA.
“Não podemos ser só os melhores embaixadores no mundo no âmbito de missões da ONU, da União Europeia e Nato e depois a nível nacional no combate aos incêndios, missões de busca e salvamento, planos Covid e vacinações. Isto já é demais e quem não tem respeito tem de ter a devida resposta e vai tê-la a partir de agora", sublinha António Mota.
Questionado sobre que razões encontra para este tratamento e ausência de negociação por parte deste e anteriores ministros da Defesa, o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas fala em diferença de tratamento.
"O que existe é uma falta de coragem e de caráter para com os militares. Os políticos pensam eles estão sempre muito sossegados não levantam ondas e é essa a razão pela qual se comportam connosco desta forma e não fazem o mesmo com os camaradas da GNR e PSP que não têm pejo em vir para a rua, fazer manifestações e subir a escadaria da Assembleia da República, com legitimidade", afirma António Mota.
Recentemente, na Assembleia da República, a ministra da Defesa foi confrontada com a falta de negociação com as associações militares. Helena Carreiras respondeu que "as associações profissionais de militares foram convocadas para uma reunião conjunta com a Defesa Nacional e a Administração Pública no dia 8 de novembro", ou seja, esta terça-feira.
Ainda hoje são recebidos a Associação de Praças, a Associação dos Militares na Reserva e Reforma e a Associação Socioprofissional de Faroleiros.