A ANTRAM admite que centenas de camionistas portugueses poderão ficar retidos em Inglaterra, devido ao bloqueio de 48 horas imposto pela França, na sequência da nova variante mais infeciosa da Covid-19 descoberta no Reino Unido.
O prazo para levantar o bloqueio termina à meia-noite e, nessa altura, os camionistas esperam que seja possível viagem, o que poderá não acontecer de imediato, uma vez que a França e Reino Unido já concordaram em começar a testar todos os camionistas.
Em declarações à Renascença, o presidente da Associação de Transportadores Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) admite que o processo vai ser demorado.
Pedro Polónio lembra que a situação tem um grande impacto na vida dos trabalhadores e traz prejuízos avultados para as empresas.
“Estamos a falar de uma paragem que vai do dia 24 ao dia 28 [de dezembro], é impossível manter estes carros parados este tempo. Por cada viatura, estamos a falar de um prejuízo da ordem dos 1.800 euros por dia. Isto, multiplicado por centenas de camiões, ilustra bem a dimensão do problema por que estamos a passar”, detalha o responsável da ANTRAM.
Para Pedro Polónio, considera “desajustada” a medida aplicada pelo Governo francês e lembra que a mesma vai contra as orientações da União Europeia.
“Tive motoristas que entraram em Inglaterra no domingo, descarregaram na segunda-feira em Londres e deviam ter saído ontem e já não podiam.
Há qualquer coisa que não pode estar bem. Estamos a falar de motoristas que não chegaram a estar 12 horas do lado inglês e que já não puderam sair de lá”, sublinha.
Por outro lado, o presidente da ANTRAM refere que a permanência prolongada em Dover faz com que os motoristas, “agora sim, estejam mais expostos ao risco porque estão parados exatamente na zona onde está a nova estirpe do vírus”.
O responsável espera que a situação possa ser resolvida nas próximas horas.
No entanto, “temos informações que indiciam a necessidade de fazer o teste, mas a instâncias europeias dizem que não há necessidade”.
Pedro Polónio fala de um quadro de “grande confusão e, em cima disto, o Estado francês ainda não adaptou o seu comportamento a estes novos procedimentos da União Europeia”.