Ordem dos Médicos. "Maior ameaça que temos pela frente são as doenças mentais"
21-05-2020 - 16:16
 • Manuela Pires

Alerta do bastonário diz que país tem de estar preparado para lidar com essa realidade. Na conferência da Nova SBE sobre o relançamento da economia falou-se ainda do que vai mudar no trabalho e na “pandemia da inovação”.

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“Temos de sair de casa, fazer como outros países, Singapura ou Taiwan, e seguir as regras da Direção-Geral da Saúde para nos protegermos e proteger os outros” recomenda o bastonário da Ordem dos Médicos que alerta que “a maior ameaça que temos pela frente são as doenças mentais e não o novo coronavírus”.

As declarações de Miguel Guimarães foram feitas numa conferência organizada pela Universidade Nova SBE integrada no ciclo de conferências para o relançamento da economia. O bastonário diz que “o impacto negativo na saúde vai abalar todas as outras áreas da sociedade” daí que este seja o momento indicado para repensar o serviço de saúde para dar uma resposta otimizada.

Miguel Guimarães diz que ficou agradado com a proposta do Presidente francês que reconheceu a necessidade de valorizar os médicos e os enfermeiros, porque, diz, “Portugal é o pior país da Europa no que toca à valorização dos profissionais de saúde”.

Uma das lições que aprendemos nos últimos tempos é que vamos ter de adaptar os nossos comportamentos, a lavagem das mãos, o uso de máscara é para ficar e alterar a forma como organizamos o trabalho.

A presidente da Associação Portuguesa da Economia da Saúde, Céu Mateus, diz que vai ser necessário continuar fora do escritório. “Muitas empresas podem optar por semanas de trabalho em teletrabalho e para isso é preciso capacitar os funcionários com meios técnicos adequados”, referiu.

Mas há mais mudanças. Por exemplo fazer uma viagem para ir a uma reunião não faz agora qualquer sentido. Pedro Oliveira da Patient Innovation, uma plataforma onde se partilha as soluções inovadoras a área da saúde, revela que “antes da Covid eu fazia duas viagens por semana a Copenhaga e agora isso vai mudar”.

Uma pandemia de inovação

Pedro Oliveira, investigador principal da Patient Innovation fala numa autêntica pandemia da Inovação e exemplo disso é o número elevado de cientistas que está à procura de uma vacina contra a Covid-19. “Em Oslo o CEPI já tinha identificado, em abril, 115 vacinas em fase de desenvolvimento”. Mas há outros exemplos, “o caso da máscara de mergulho da Decathlon que está nesta altura a ser utilizada nos hospitais em Itália para máscaras de ventilação”, lembra Pedro Oliveira.

Nesta conferência, organizada pla NOVA SBE ,falou-se ainda na necessidade de reforçar o investimento no serviço nacional de saúde, de fazer já o concurso para adquirir a vacina da gripe. O painel de intervenientes contou ainda com o professor da universidade Nova Pedro Pita Barros que elogiou a forma como o Serviço Nacional de Saúde deu resposta à pandemia. “Os serviços reorganizaram-se de uma forma rápida e com uma estratégia clara e inteligente, comunicar cedo e dizer que a maior parte das pessoas não precisa de ser tratada no hospital e isso veio a verificar-se”, refere Pedro Pita Barros.

Nesta conferência, Céu Mateus lembrou o ataque ás torres gémeas em 2001, que levou a uma grande mudança de segurança nas viagens de avião e nos aeroportos, e todo o mundo conseguiu adaptar-se às novas regras e continuar a viajar.

Daniel Traça, director da NOVA SBE e o moderador desta conferência, concluiu, no final, da vídeoconferência que há boas noticias. “Portugal mostrou que tem capacidade para viver com o vírus e o humanismo, a solidariedade dos portugueses e a inovação vão continuar a fazer funcionar a nossa economia”, rematou.