O Conselho de Cooperação do Golfo, que integra as principais potências económicas do Médio Oriente ricas em petróleo, pediu este domingo para "evitar excluir" o crude da transição energética e manter os investimentos no setor para manter uma política "equilibrada".
"Sublinhamos a importância de que a comunidade internacional evite excluir as principais fontes de energia e não descuide os investimentos nesses setores", disse o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) em comunicado no âmbito da Semana do Clima do Médio Oriente e norte de África, um evento prévio à Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28) impulsionado pela ONU e que hoje arrancou na Arábia Saudita.
Estes países, que em conjunto possuem as maiores reservas de petróleo do planeta e são os principais produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), consideraram que "esquecer" este recurso "vai originar desafios nos mercados energéticos e um impacto desigual, especialmente nas sociedades e países em vias de desenvolvimento".
Nesse sentido, pediram a adoção de "uma política de abordagem equilibrada" com o objetivo de "potenciar o crescimento económico global que está estritamente vinculado à segurança e disponibilidade energética".
O CCG sugere a utilização dos recursos fósseis para "garantir a transição para energias limpas de forma prática, gradual e justa".
Nos últimos anos, os países do Golfo Pérsico, em particular a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, centraram-se na diversificação das suas economias, fortemente dependentes do petróleo, que ainda se mantém como principal motor económico.
Na sequência da invasão militar da Ucrânia pela Rússia e a crise energética, estes países alertaram sobre os riscos de sancionar os produtores de petróleo e a redução das importações, afirmando inclusive que a Europa sobreviveu à escassez energética devido a um "inverno cálido".
Exortaram ainda o Ocidente, em particular a Europa, a negociar com empresas de petróleo para abordar a transição verde a partir de um processo de "mistura energética" que combine o crude, o gás e as energias renováveis.
Na sua declaração, o CCG também recordou que os seus países-membros estão em "vias de desenvolvimento" e que o financiamento da crise climática "é responsabilidade dos países desenvolvidos".
"Os países do CCG são países em vias de desenvolvimento, com as suas próprias condições ambientais e climáticas (...) e estes desafios requerem uma adaptação", indicaram.
O organismo também recordou o seu compromisso com os Acordos de Paris de 2015, que "estabelecem que o financiamento climático e o financiamento para a respetiva aplicação são responsabilidade dos países desenvolvidos, não existindo qualquer responsabilidade sobre os países em vias de desenvolvimento".
Desta forma, o CCG sugeriu "prosseguir uma via gradual para garantir os objetivos dos Acordos de Paris", mas pediu que a redução das emissões "possua uma base realista que reconheça a diferenciação, as circunstâncias nacionais e reconheça a importância das diversas soluções e tecnologias disponíveis".