O Exército israelita ordenou esta quarta-feira a retirada de comunidades do sul de Gaza, pela primeira vez desde o início da guerra com o Hamas, após forçar a deslocação de 1,1 milhões de pessoas de norte para sul do enclave.
"Para sua segurança, deve evacuar rapidamente o seu local de residência e dirigir-se a refúgios conhecidos", indicou o Exército em panfletos lançados pelo ar e dirigidos às comunidades situadas no leste do município de Khan Younis: Al Qarara, Khuzaa, Bani Suheila e Abasan, no sul do enclave.
"As ações do Hamas e das organizações terroristas obrigam as Forças de Defesa de Israel (FDI) a atuar contra eles nas suas zonas de residência. As FDI não estão interessadas em provocar danos a si ou às suas famílias", assinalam os panfletos, segundo confirmaram à agência noticiosa Efe vários residentes locais.
Em 13 de outubro, uma semana após o início do atual conflito, o Exército judaico ordenou a retirada em direção a sul de 1,1 milhões de pessoas que viviam na parte norte da Faixa de Gaza -- metade da sua população --, antes de iniciar por esse flanco a incursão terrestre que o conduziu à cidade de Gaza e ao posterior avanço para o centro do enclave.
Esta deslocação forçada, o maior êxodo da população palestiniana desde a Nakba (1947-1948), implica que quase dois milhões de pessoas estejam atualmente a sul de Wadi Gaza, um rio situado no centro do território.
Agora, o Exército israelita exige a retirada as populações que estavam fixadas a sul deste rio.
As FDI têm referido que vão destruir toda a "infraestrutura terrorista" do Hamas no norte da Faixa e Gaza, através de sistemáticos bombardeamentos por terra, mar e ar, e exigiram à população palestiniana que se deslocasse para a zona sul "mais segura", apesar de também ali se terem registado ataques em diversos locais, incluindo contra os designados "corredores humanitários".
Na sua mensagem, o Exército assinalou que "quem estiver perto de terroristas ou de instalações põe em perigo a sua vida" e que "vão ser atacados todos os locais utilizados por organizações terroristas".
"Atuar de acordo com as instruções das FDI evita que vós, os civis, sofram danos", conclui o panfleto.
Intensos combates continuavam a decorrer entre forças militares israelitas e as milícias Izz ad-Din al-Qassam, o braço armado do Hamas, e outras formações armadas palestinianas no norte de Faixa de Gaza, onde 1,65 dos 2,4 milhões de habitantes do território já foram deslocados na sequência da ação militar de Israel, indicou o Gabinete de coordenação dos assuntos humanitários da ONU (Ocha).
O enclave está submetido a um cerco total por Israel desde 09 de outubro, com a população privada do fornecimento de água, eletricidade, alimentos e medicamentos.
Uma parte desta população refugiou-se no sul, perto da fronteira egípcia, mas centenas de milhares permanecem no meio dos combates, no norte do território. Segundo diversas organizações não-governamentais (ONG), a situação é desastrosa para a população.
Na Faixa de Gaza, onde Israel afirma pretender "aniquilar" o Hamas, os bombardeamentos israelitas em represália pelo ataque de 07 de outubro já provocaram a morte de mais de 11 mil pessoas, na maioria civis, incluindo 4.650 crianças, segundo o ministério da Saúde do Hamas.
De acordo as autoridades israelitas, cerca de 1.200 pessoas foram mortas em Israel no ataque do Hamas em 07 de outubro, incluindo cerca de 350 militares e polícias.