“As moratórias têm de ser estendidas já”, a exigência foi expressa esta tarde por Catarina Martins. No final da Conferência Autárquica do Bloco de Esquerda, a líder bloquista defendeu que “é necessário garantir que todas as moratórias são estendidas”, pelo menos até setembro, a fim de evitar “uma enorme vaga de despejos e falências”.
Segundo as palavras de Catarina Martins, é necessário, “desde já, planear o fim da pandemia e proteger a casa de morada da família”. Na sua intervenção, a líder bloquista referiu que “não é aceitável que, quem tanto perdeu com a crise, perca também a casa com o fim das moratórias”.
O Bloco de Esquerda diz que não há tempo a perder. “Esta não é uma decisão que possa esperar. As moratórias sobre as hipotecas da Associação Portuguesa de Bancos terminam em março. Março é já amanhã”.
Catarina Martins lembrou que “o governo prometeu que seriam transferidas para as moratórias do Estado, que terminam em setembro, mas isso não aconteceu”. A líder bloquista deixou por isso um apelo ao primeiro-ministro: “não espere que seja tarde demais; não espere pelo início da vaga de despejos e falências. As moratórias têm de ser estendidas já”, afirmou.
O alargamento das moratórias deve abranger tanto “famílias, como as pequenas empresas” sublinhou Catarina Martins. Para a deputada é “necessário preparar um grande programa de recuperação das dívidas para as empresas e pessoas em dificuldades, com planos de reestruturação ajustados, e a prioridade de proteger a morada de família”.
A política de habitação está assim no centro da atenção do Bloco de Esquerda para as autárquicas deste ano. Catarina Martins deixou mesmo um recado, em tom de aviso, ao Governo. “Desistir de colocar o investimento na habitação no coração do Plano de Recuperação, é um erro que não deixaremos passar”, disse a líder do partido de esquerda.
Catarina Martins que considerou que “em Portugal o confinamento não é igual para todos”, porque nem todos têm as mesmas condições de habitação, referiu ainda que uma das propostas do seu partido para as próximas eleições municipais é “garantir uma casa decente”, uma proposta que, segundo as suas palavras “cruza as responsabilidades centrais e municipais”.
No discurso que encerrou os trabalhos da conferência que decorreu à distância, Catarina Martins defendeu ainda a “intervenção pública nas casas vazias, reabilitando e arrendando a preços acessíveis” com vista a “aumentar a oferta e regular o mercado”.
A assinalar 22 anos de vida, o Bloco de Esquerda apresenta-se às autárquicas sabendo que tem pela frente “enormes dificuldades”, como referiu Catarina Martins para “abanar um quadro autárquico muito cristalizado e conservador”.