O Papa Francisco fez hoje um apaixonado apelo aos fiéis americanos para evangelizarem.
Recordando que a Boa Nova de Cristo é para todos – “e neste todos de há dois mil anos estávamos incluídos também nós” – o Papa pediu aos católicos para não terem medo e não deixarem ninguém de fora.
“A todos – disse Jesus –, ide e anunciai; a toda esta vida, tal como é e não como gostaríamos que fosse: ide e abraçai no meu nome. Ide pelas encruzilhadas dos caminhos. Anunciar, sem medo, sem preconceitos, sem superioridade nem purismos; a todos aqueles que perderam a alegria de viver, ide anunciar o abraço misericordioso do Pai.”, afirmou Francisco.
“Ide ter com aqueles que vivem com o peso da tristeza, do fracasso, da sensação duma vida destroçada, e anunciai a loucura dum Pai que procura ungi-los com o óleo da esperança, da salvação. Ide anunciar que os erros, as ilusões enganadoras, as incompreensões não têm a última palavra na vida duma pessoa. Ide com o óleo que cura as feridas e restabelece o coração.”
Seguindo o exemplo de Jesus, os cristãos devem estar sobretudo abertos a dialogar com quem mais precisa. “Jesus não dá uma lista selectiva com aqueles a quem se deve ir e a quem não ir, com aqueles que são dignos, ou não, de receber a sua mensagem, a sua presença. Pelo contrário, abraçou sempre a vida como esta Lhe aparecia: com cara de tristeza, fome, doença, pecado; com cara de ferimentos, sede, cansaço; com cara de dúvidas e de fazer piedade. Longe de esperar uma vida embelezada, decorada, maquiada, abraçou-a como a encontrava; mesmo que fosse uma vida que muitas vezes se apresentava arruinada, suja, destroçada.”
Exemplo de “Igreja em saída”
A missa a que Francisco presidiu neste segundo dia de visita aos Estados Unidos foi ocasião para a canonização de um santo americano. Junípero Serra, oriundo de Espanha, dedicou a sua vida à evangelização, com particular atenção para com a dignidade dos nativos. “Soube viver aquilo que é ‘a Igreja em saída’, esta Igreja que sabe sair e ir pelas estradas, para partilhar a ternura reconciliadora de Deus. Soube deixar a sua terra, os seus costumes, teve a coragem de abrir sendas, soube ir ao encontro de muitos aprendendo a respeitar os seus costumes e as suas características.”
“Aprendeu a gerar e acompanhar a vida de Deus nos rostos daqueles que encontrava, tornando-os seus irmãos. Junípero procurou defender a dignidade da comunidade nativa, protegendo-a de todos aqueles que abusaram dela; abusos que hoje continuam a encher-nos de pesar, especialmente pela dor que provocam na vida de tantas pessoas”, afirmou o Papa.
A missa de canonização do padre Junípero Serra foi o culminar de um dia que começou com a recepção do Papa na Casa Branca, com um encontro privado com Barack Obama, e prosseguiu com um encontro com o episcopado americano.
Quinta-feira, cerca das 14h10 de Lisboa o Papa discursa no Congresso americano, sendo o primeiro Pontífice a fazê-lo.