O presidente do Chega considerou este domingo que o novo líder socialista está "totalmente impreparado para ser primeiro-ministro", acusando-o de hipocrisia por não pedir desculpa pelos governos a que pertenceu e de seguidismo em relação a António Costa.
Pedro Nuno Santos "é uma pessoa totalmente impreparada para ser primeiro-ministro", afirmou André Ventura, reagindo à eleição do antigo ministro como secretário-geral do PS, com 62% dos votos, em eleições diretas realizadas entre sexta-feira e sábado, que disputou com José Luís Carneiro, que ficou em segundo lugar, com 36%, e Daniel Adrião, que teve 1% dos votos.
"O que ouvimos ontem [sábado] por parte de Pedro Nuno Santos, para além de um discurso mal conseguido, é uma intervenção muito pouco conseguida, uma impreparação absoluta, uma tentativa de trazer uma espécie de lista de mercearia para apresentar aos portugueses, procurando apanhar todo o tipo de eleitorados de forma absolutamente inconsistente e de forma absolutamente eleitoralista e sem qualquer linha de preparação e de trabalho efetivo", comentou o líder do Chega, em declarações aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa.
Ventura criticou que "a única ideia concreta" que o novo secretário-geral socialista apresentou foi a de que o Orçamento do Estado para 2024, aprovado pelo executivo de António Costa, será para cumprir.
"É um absoluto seguidismo em relação ao que foi feito pelo Governo de António Costa e que deu os resultados que deu na saúde, na educação, na economia, na justiça, etc.", disse André Ventura, que falava à margem da eleição dos delegados ao congresso do Chega, que decorre em janeiro.
Por outro lado, o líder do Chega destacou o que disse ser "a incapacidade gritante" de Pedro Nuno Santos de "fazer uma autocrítica" em relação aos dois executivos a que pertenceu, ambos liderados por Costa.
"É de uma tremenda hipocrisia ou má-fé ou inconsciência que o novo líder do Partido Socialista seja capaz de se apresentar ao país sem começar por dizer "Desculpem", sem começar por dizer, "Peço desculpa pelos resultados desastrosos que os governos a que pertenci trouxeram ao país", criticou.
"Este é o líder mais hipócrita e mais inconsistente que podíamos ter do Partido Socialista. Mas aí ele não se distingue muito de António Costa. Onde se distingue de António Costa é na absoluta impreparação, no discurso de mercearia, no discurso típico de uma juventude partidarizada que fez ontem [sábado], em vez de falar para o país e mostrar desígnio, ambição e vontade de mudar", sustentou ainda.
Já em relação ao ministro da Administração Interna cessante, adversário na corrida à liderança do PS, André Ventura traça uma diferença: "Pedro Nuno Santos tem uma característica que José Luís Carneiro não teria, está radicalmente enraizado na esquerda e na pior esquerda", disse, aludindo à "geringonça" entre o PS, PCP e Bloco de Esquerda no primeiro executivo de António Costa.
"Quando é assim, os eleitores que não querem um país ainda mais à esquerda do que aquele que temos, que tem sobrecarregado os portugueses de impostos, devem dar uma nova força à direita, que pode combater essa solução", afirmou.
Sobre as eleições legislativas de 10 de março, sublinhou que o adversário do Chega é o PS, demarcando-se do debate à direita sobre coligações.
"O Chega vale por si próprio, não precisa nem do CDS, nem de aliança, nem de outros partidos quaisquer, nem da Iniciativa Liberal para aumentar os votos. O Chega está seguro. Aparentemente, o PSD não está seguro e precisa de andar a arranjar muletas que o levem até ao dia 10 de março. Nós estamos muito seguros da força que temos. Estamos com muita força em todos os distritos e vamos apresentar-nos sozinhos a eleições", afirmou.