Os candidatos presidenciais convergiram nas críticas à forma como Marcelo Rebelo de Sousa exerceu o cargo de Presidente da República. Desde a gestão da palavra, passando pela regionalização do país, até ao governo dos Açores, os candidatos da direita e da esquerda atacaram o Presidente candidatom durante o "Debate das Rádios" que juntou seis candidatos às eleições de 24 de janeiro.
Foi Tiago Mayan Gonçalves a entrar ao ataque quando foi lançada a questão sobre se a nomeação do Governo deve seguir resultados eleitorais ou juízo político, com o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal a afirmar que, referindo-se a Ana Gomes e Marisa Matias, “candidatas a dizer muito mais”, com a questão da ilegalização do Chega.
“O Presidente tem de verificar se há condições de sustentabilidade de um governo, mas isso está dependente do quadro parlamentar", afirmou Mayan, defendendo que o Presidente "deve interpretar o que é o equilíbrio parlamentar”.
Se for eleito Presidente da República, Tiago Mayan “exigiria sempre acordos escritos na coligação que sustentaria esse governo”.
“Eu, enquanto presidente, quero ver quais os compromissos”, enfatizou, explicando que casos nos existissem "atentados ao Estado de direito, regresso de pena perpétua, aí esse governo nunca seria empossado".
Sobre o Governo dos Açores, o candidato apoiado pelo PCP, afirmou que “teria tido uma atitude diferente” da que assumiu Marcelo Rebelo de Sousa. Assim João Ferreira teria dado “indicações ao representante da República” para chamar o partido mais votado para formar Governo, ou seja, o partido socialista.
Já Ana Gomes acusou Marcelo Rebelo de Sousa de ter normalizado uma força extremista. “Não se pode banalizar, nem normalizar nos Açores e na República uma força que admite cortar mãos a ladrões, e que insulta imigrantes e ciganos”, disse a candidata.
“Se o Presidente da República pode sinalizar que ministros não podem estar no Governo, também pode não-normalizar forças externas à constituição”, defendeu Ana Gomes.
A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, Marisa Matias, considerou que “o que está aqui em causa é se um Presidente deve ou não dar posse a um Governo que tem um ministro que defende a segregação de uma comunidade inteira”.
“O que se passou nos Açores é que, pela primeira vez, um Governo formou-se com influência da extrema-direita", destaca Marisa Matias para quem o que está a acontecer no arquipélago é um "ataque aos mais pobres dos mais pobres".
No entender de Marisa Matias o “problema nos Açores é que houve uma pressa enorme para se fazer o que não se fez no governo da República”.
Já Vitorino Silva, mais conhecido como Tino de Rans, recordou a coligação de Governo que juntou CDS e PSD, afirmando que “nos Açores aconteceu um geringalho, que pagou com a mesma moeda”.
Na resposta, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que no dia 25 de abril de 2018, chamou à atenção para “o que estava a crescer na sociedade portuguesa fruto de uma parte da incapacidade de uma parte do sistema político responder à necessidade do equilíbrio em termos de alternativa política em Portugal e os movimentos sociais que não eram integrados pelas confederações patronais e sindicais”.
“As pessoas não levaram muito a sério, era já visível, desde 2017, ia subindo, subindo fruto de lacunas, fraquezas, soluções insuficientes para resolver problemas dos portugueses”, acrescentou o Presidente candidato.