O Ministério da Defesa do Azerbaijão anunciou o início de operações "antiterroristas" em Nagorno-Karabakh, uma região separatista controlada pela Arménia. Esta campanha militar surge depois de seis pessoas morrerem na explosão de minas e tem o objetivo declarado de expulsar tropas arménias da região - o que pode levar a uma nova guerra na região.
Duas explosões de minas mataram, esta terça-feira, quatro polícias do Azerbaijão e dois civis numa estrada entre cidades de Nagorno-Karabakh controladas pelo Azerbaijão. Os polícias morreram enquanto se dirigiam para o local da explosão que vitimou os dois civis.
Em comunicado, o Ministério da Defesa do Azerbaijão responsabilizou "grupos armados ilegais arménios" e declarou a intenção de "desarmar e conseguir a retirada de formação das forças armadas arménias dos nossos territórios e neutralizar as suas infraestruturas militares".
De acordo com o The Guardian, o Azerbaijão está a bombardear a região da capital de Stepanakert, utilizando drones para atingir defesas anti-aéreas da Arménia. O Governo azeri afirma que não está a usar armas contra civis.
Apesar disso, um antigo assessor do auto-proclamado Governo de Artsakh - o nome arménio para Nagorno-Karabakh - disse ouvir "muitas explosões em Stepanakert, tanto de artilharia como de ataques com drones".
Artak Beglaryan estima que ouviu dezenas ou centenas de explosões esta terça-feira, e que tanto zonas militares como civis foram alvo dos ataques.
Moscovo pede "fim" do conflito
A Rússia reagiu à decisão do Azerbaijão, apelando aos dois países que disputam Karabakh para pôr "fim ao derramamento de sangue".
"Todas as etapas de uma solução pacífica estão definidas nos acordos assinados em 2020 e 2022", disse a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, aos jornalistas em Moscovo.
Baku estava, desde dezembro de 2022 até aos últimos dias, a impor restrições fortes no corredor de Lachin, a única via que liga a Arménia a Karabakh, alegando que esta via era usada para tráfico de armas.
Os atuais ataques acontecem um dia depois da chegada de comida e medicamentos, que eram necessários com urgência, à região de Karabakh - um passo que se pensava poder ajudar a diminuir a tensão entre o Azerbaijão e a Arménia.
O último conflito militar na região, em 2020, durou 44 dias, com um cessar-fogo assinado entre Azerbaijão, Arménia e Rússia. A guerra resultou numa perda efetiva de território do estado apoiado pela Arménia, cimentada com o acordo de tréguas: o Azerbaijão recuperou os territórios em torno de Nagorno-Karabakh que a Arménia tinha ocupado, assim como um terço da região disputada.
A disputa pela região é antiga, e ressurgiu durante o processo de dissolução da União Soviética. Uma guerra separatista eclodiu após a Arménia e o Azerbaijão obterem a independência, em 1991. O conflito só terminou em 1994, mas as tensões nunca desapareceram até agora.