O parlamento venezuelano, com larga maioria da oposição, pediu este sábado à comunidade internacional que não reconheça o resultado da eleição da Assembleia Constituinte, que decorre domingo sob elevadas medidas de segurança e rejeitada por vários governos.
O presidente da comissão de Política Externa da Assembleia Nacional, Luis Florido, informou, em comunicado, que o pedido foi feito "a todas as chancelarias do mundo".
Neste documento, o parlamento venezuelano pede aos governos que, a concretizar-se a Constituinte convocada pelo Presidente, Nicolás Maduro, "se tomem acções de apoio ao povo venezuelano".
"Chegou a altura de a comunidade internacional dar o seu apoio decidido, sincero, franco, para que este processo não se possa realizar", disse Florido, dirigente da formação opositora Vontade Popular (VP), que assegura que as alterações constitucionais que o executivo de Maduro quer "impor" são rejeitadas por "90% do povo da Venezuela".
O responsável recordou que os governos dos Estados Unidos, Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Perú pediram formalmente a suspensão da Constituinte e que se estabeleça um processo de negociação política para a saída da crise.
Assim, o parlamento apelou à comunidade internacional para que, uma vez constituída a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), a chamada revolução bolivariana não possa pedir empréstimos ao mundo, assinar contratos, contrair dívidas e que "a Constituinte não lhes sirva absolutamente para nada".
A coligação opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) rejeitou participar nesta votação, que considera fraudulenta, e critica que não tenha sido convocado um referendo prévio, como ocorreu em 1999 quando foi aprovada a atual Carta Magna.
No domingo, os opositores protestarão em todo o país, os apoiantes do "chavismo" acudirão às urnas, sozinhos, para definir os 545 representantes que integrarão a ANC, que terão poderes ilimitados para reformar o Estado e alterar o ordenamento jurídico. Os líderes da oposição pedem manifestações e cortes de estrada para dificultar ao máximo a votação, mas apelam a que não haja violência entre populares, uma vez que a sua luta é contra o Estado e não contra o povo.
Esta eleição decorre entre uma onda de protestos que começou a 01 de abril e que já causou cerca de 110 mortos, centenas de feridos e cerca de 5.000 feridos.
[Notícia actualizada às 9h34 de domingo]