A chanceler alemã, Angela Merkel, exortou à procura de uma "via civil" para se poder continuar a retirar pessoas do Afeganistão após a retirada do exército norte-americano, sem cujo apoio estas operações não poderão manter-se.
"O Presidente dos Estados Unidos não nos deu qualquer nova data além da já conhecida, 31 de agosto", declarou a dirigente alemã, esta terça-feira, no final da reunião por videoconferência dos líderes do G7, convocada pela presidência em exercício do grupo, ocupada pelo Reino Unido.
Os países do G7 exigirão aos talibãs "passagem segura" para as pessoas que quiserem abandonar o Afeganistão depois de 31 de agosto, tinha antes indicado o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
Angela Merkel, que amanhã emitirá no Bundestag (parlamento federal) uma declaração do seu executivo sobre o Afeganistão, insistiu que devem poder prosseguir em Cabul as operações de transporte de civis estrangeiros e afegãos para fora do país, já que o objetivo é "pôr a salvo quantas pessoas necessitadas de proteção for possível".
O Governo da chanceler aprovou há uma semana, com urgência, um novo mandato para a participação de até 600 soldados nestas operações.
Esse diploma deverá ser ainda votado pelo parlamento, ao qual na Alemanha se submete qualquer intervenção com estas características, mas, neste caso, sê-lo-á de forma retroativa.
Tanto o ministro dos Negócios Estrangeiros, o social-democrata Heiko Maas, como a ministra da Defesa, a conservadora Annegret Kramp-Karrenbauer, alertaram para a necessidade de dialogar com os talibãs, já que, de outra forma, não se poderá completar a retirada de civis.
A retirada militar dos Estados Unidos não deve significar "o fim das hipóteses de retirar as pessoas que precisam da nossa proteção, [pelo que] teremos de seguir caminhos que não queríamos trilhar", afirmou Maas, referindo-se a um tal diálogo.
Até agora, o exército alemão retirou de Cabul mais de 3.900 pessoas de 45 nacionalidades, das quais cerca de 1.900 eram afegãos e 380 alemães.
Estima-se que continuem no país pelo menos 100 alemães e até 10.000 afegãos que a Alemanha está a tentar de lá retirar, entre colaboradores locais e respetivas famílias.