Nuno Morais Sarmento não acredita que a anunciada remodelação governamental vá além de secretários de Estado.
"Este não é, certamente, o momento que o primeiro-ministro escolheria para remodelar. Pela preparação do orçamento e pela realização de eleições, daqui a uns tempos. De certeza que não vai haver uma remodelação que vá além daquela que resulta da saída forçada pelos próprios dos secretários de Estado e poderá haver um ou outro ajuste, aqui ou ali, a pedido de alguém que já tivesse mostrado interesse em sair", declara Morais Sarmento, no Falar Claro, da Renascença.
O antigo ministro do PSD não pede a saída dos dois ministros mais desgastados pelos recentes acontecimentos de Pedrógão Grande e Tancos, mas não tem dúvidas de que a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, não tem estrutura emocional para o cargo e deveria sair para "protecção dela própria".
"Se temos outros fogos, temos que mandar um psicólogo com a ministra, porque, antes de chorarem as populações, chora a ministra. Não temos neste momento uma ministra com estrutura emocional, sequer", diz o antigo ministro do PSD.
Apesar desta condicionante, Sarmento "não faria essa remodelação, no meio de uma época de incêndios" e, "acima dos interesses partidários, das opiniões políticas, está o país, que "não quer nada do que está a ver".
Na perspectiva de Morais Sarmento, os portugueses não querem que "andem a brincar ao 'tira-ministro/põe-ministro' quando existe, generalizadamente, "a percepção de que não é um ministro que entre - seja super-homem ou super-mulher - que consegue, em plena época de incêndios, fazer melhor do que quem quer que seja que esteja no exercício de funções".
Sobre o caso de Azeredo Lopes, Sarmento defende que lhe cabe "contribuir para o apuramento das responsabilidades, para a recuperação possível das armas, para o esclarecimento completo da situação" para, de seguida, apresentar a demissão. "Se conheço o professor Azeredo Lopes, ele não passa por uma situação destas sem tirar consequências pessoais", argumenta.
"Não há responsabilidades políticas", defende Vitalino Canas
A análide do socialista Vitalino Canas é diferente e o deputado socialista entende que não há responsabilidade política em nenhum dos casos.
"Azeredo Lopes traçou bem, no parlamento, a fronteira entre responsabilidade politica e a responsabilidade operacional. O ministro da Defesa não tomou nenhuma decisão que tivesse influência no caso. No caso da ministra da Administração Interna, também não há responsabilidade política", declara.
Para Canas, Azeredo Lopes "foi totalmente convincente e traçou bem a fronteira que, às vezes, não se traça adequadamente entre responsabilidades políticas e operacionais. Responsabilidade política existe quando alguém toma uma decisão politica da aquela decorre um prejuízo. Neste caso, o ministro não tomou nenhuma decisão que tivesse tido qualquer tipo de influencia naquilo que sucedeu".
Em relação a Constança Urbano de Sousa, o deputado socialista diz que "embora a situação seja um pouco diferente", a conclusão é de que "não há nenhum motivo de responsabilização politica que leve a a que não saia do Governo".
"Estão no mesmo plano", remata Vitalino Canas.