O BE apelou para que a Justiça seja célere, "doa a quem doer", após buscas realizadas esta terça-feira em vários ministérios e ao chefe de gabinete do primeiro-ministro, no âmbito de uma investigação sobre negócios do lítio e do hidrogénio verde.
"Apure-se o que houver a apurar, investigue-se o que houver a investigar, e indique-se as responsabilidades que houver a indicar. A Justiça deve ser célere, rápida, justa, doa a quem doer, sem poupar ninguém que tenha responsabilidades que deva responder por elas", defendeu o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Interrogado sobre se o Governo tem condições para continuar em funções, Pedro Filipe Soares respondeu que o partido não tem mais informação sem ser aquela que é pública, e por isso rejeitou "retirar conclusões que são precipitadas".
"Quanto ao mais aguardaremos informações. Até para termos uma posição que seja séria, não estar a correr atrás de um populismo qualquer fácil", respondeu.
Já sobre se o BE faz uma leitura política dos acontecimentos desta manhã, o líder parlamentar bloquista frisou que "há investigações em curso que são secretas".
"Não conhecemos o conteúdo das investigações, das acusações, o que motivou essas investigações. Creio que será manifestamente precária qualquer posição que se assuma que não tenha essa informação. Temos que aguardar para ver quais são os novos desenvolvimentos", respondeu.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu hoje o primeiro-ministro, António Costa, no Palácio de Belém, em Lisboa, a pedido deste, disse à Lusa fonte da Presidência da República. .
Fonte da assessoria de comunicação de António Costa confirmou hoje à Lusa a existência de buscas no gabinete de Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro, acrescentando que não há comentários por parte de São Bento à ação da justiça.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o primeiro-ministro é alvo de uma investigação autónoma do Ministério Público num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido, bem como o Presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Em comunicado, a PGR indica que "poderão estar, designadamente, factos suscetíveis de constituir crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência".
Foram detidos o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, o consultor próximo de Costa, Diogo Lacerda Machado, e o presidente da Câmara Municipal de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, assim como dois administradores de empresas.