“Após investigação, a Autoridade da Concorrência concluiu que existem indícios de que as empresas Modelo Continente, Pingo Doce e Auchan utilizaram o relacionamento comercial com o fornecedor Bimbo Donuts para alinharem os preços de venda ao público (PVP) dos principais produtos deste último, em prejuízo dos consumidores”, afirma a AdC em comunicado, uma conduta considerada “muito grave”.
Acusações já contestadas pela maioria dos visados, a última a reagir foi a Sonae, dona do Modelo e Continente, que em comunicado enviado esta sexta-feira diz que “os termos das acusações serão analisados com total rigor e firmeza no sentido de, em momento e lugar próprio, serem utilizados todos os meios ao alcance, com vista à salvaguarda dos direitos, reputação, valores e integridade da Sonae MC e da sua participada”.
Mais assertiva, a Jerónimo Martins promete constestar as acusações de que é alvo,
“perante a nota de ilicitude que nos chegou da AdC, o Pingo Doce repudia a acusação feita e vai contestá-la, não deixando de apresentar os seus argumentos num processo em que estamos seguros da nossa conduta e do nosso trabalho diário para levar até aos consumidores portugueses as melhores oportunidades de preço e promoções, e os maiores descontos”.
Na mesma linha, fonte da Auchan garantiu à Lusa que “iremos naturalmente apresentar a nossa contestação, pois as nossas práticas não configuram os atos imputados“. A mesma fonte acrescenta que “na Auchan são assegurados internamente todos os processos de controlo a fim de evitar qualquer tipo de prática semelhante”.
A empresa envolvida, a Bimbo Donuts Portugal, também decidiu “contestar vigorosamente” a acusação, garantem que “não tem fundamento”. Lembram ainda que a alegada fixação de preços teria acontecido quando a empresa ainda pertencia aos anteriores proprietários, uma vez que foi adquirida em 2016 pelo Grupo Bimbo.
Segundo a Autoridade da Concorrência, “os comportamentos investigados duraram vários anos, tendo-se desenvolvido, pelo menos, entre 2004 e 2017”.
A AdC refere ainda que estão em curso “mais de 10 investigações” no setor da grande distribuição de base alimentar, algumas ainda sujeitas a segredo de justiça.