Uma nota divulgada esta tarde pelo conselho de cardeais que tem estado a apoiar o Papa nas reformas da Cúria romana ao longo dos últimos anos indica que a Santa Sé deverá prestar, em breve, esclarecimentos sobre as polémicas que têm afetado a Igreja Católica.
A nota dos cardeais, que estiveram reunidos em Roma, tem apenas três parágrafos, mas termina com uma expressão de solidariedade para com Francisco, que, recentemente, foi acusado pelo arcebispo Carlo Maria Viganò de ter tido conhecimento das desventuras sexuais do ex-cardeal McCarrick, de Washington, nomeadamente da sua prática de atos sexuais com outros padres e jovens seminaristas.
O documento hoje divulgado pelo conselho de nove cardeais dá a entender que a Santa Sé poderá fazer mais revelações para esclarecer este caso. Segundo os cardeais, o conselho “expressou a sua total solidariedade com o Papa Francisco em relação ao que se tem passado nas últimas semanas, sabendo que no contexto da atual polémica a Santa Sé está para fazer os eventuais e necessários esclarecimentos”.
A nota não deixa claro se os esclarecimentos da Santa Sé dirão respeito diretamente às acusações feitas por Viganò ou se à polémica geral dos abusos sexuais e respetivo encobrimento.
O arcebispo Viganò alegou, num documento escrito e publicado em meados de agosto, que Bento XVI tinha imposto sanções sobre McCarrick depois de estas alegações lhe terem chegado ao conhecimento, mas que Francisco as levantou quando foi eleito e terá mesmo promovido uma maior atividade do arcebispo emérito de Washington.
Questionado sobre estas alegações no regresso da sua viagem à Irlanda, onde participou no Encontro Mundial das Famílias, o Papa disse que não iria comentar, mas convidou os jornalistas a investigarem o documento de Viganò para encontrarem a verdade.
Preocupação etária
A nota dos nove cardeais começa com o que parece ser um pedido para que o Papa reformule o próprio conselho. Os cardeais dizem que pediram ao Papa “uma reflexão sobre o trabalho, a estrutura e a composição do próprio Conselho, tendo em conta a idade avançada de alguns dos seus membros”.
Entre os cardeais mais velhos que compõem o grupo inclui-se Francisco Errázuriz Ossa, de 84 anos; Laurent Monsengwo, de 78; George Pell, de 77 e Oscar Maradiaga, de 75.
[Notícia atualizada às 17h52]