A saída de campo do jogador Marega, do F. C. Porto, no jogo de domingo contra o Vitória de Guimarães (no estádio deste clube), por não suportar mais insultos e injúrias racistas, teve ampla repercussão internacional, até porque lamentáveis casos de racismo têm manchado jogos noutros países.
Por cá, os políticos multiplicaram-se em declarações de repúdio. O Presidente da República afirmou que o racismo é um caminho dramático. O primeiro-ministro lembrou que “atos racistas são crime” e considerou que Marega teve uma dupla vitória: meteu um golo decisivo e mostrou que “há limites para tudo e que este tipo de comportamento é inaceitável”. O Presidente da Assembleia da República condenou “com indignação” os ataques racistas de que foi alvo Marega – e que, segundo parece, terão começado no aquecimento, ainda antes de o jogo se iniciar.
Mas a condenação do que se passou no estádio do Vitória de Guimarães não foi unânime entre todos os partidos com assento na Assembleia da República. Houve uma significativa exceção: André Ventura desvalorizou o caso, criticando o chamou “hipocrisia” na reação de António Costa. “O nosso problema não é o racismo – é hipocrisia”, disse o líder do partido Chega.
Palavras destas, que foram escritas nas redes sociais, definem melhor do que inúmeros discursos o que é realmente o Chega. Diz-se que A. Ventura se irá candidatar a Presidente da República – é natural, pois terá assim mais um palco para difundir a sua ideologia muito pouco democrática. Veremos se, caso tal candidatura se concretize, terá, ou não, o apoio do CDS. Porque, se tal apoio acontecer (do que duvido), o atual CDS ficará fora da direita democrática.
A propósito de tropelias que se assinalam em adeptos de clubes de futebol, gostaria de me associar aos elogios ao Presidente do Sporting, Frederico Varandas, formulados nomeadamente por Marques Mendes e Nicolau Santos, por causa da sua corajosa luta contra os desmandos da claque do seu próprio clube.