Volodymyr Zelensky declarou, esta terça-feira, que tentar “congelar a guerra na Ucrânia” não vai resultar no fim do conflito com a Rússia. No Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, o Presidente da Ucrânia fez mais apelos por apoio dos países ocidentais, e apontou o dedo a sanções que permitem à Rússia continuar a fabricar mísseis.

O líder ucraniano questionou a viabilidade de “congelar a guerra” como forma de levar ao fim da guerra, avisando que esse método já foi tentado em 2014.

Nesse ano, protestos de grupos pró-Rússia resultaram numa guerra entre as forças separatistas das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk, apoiadas por forças russas, e a Ucrânia. Desde aí foram assinados 29 cessar-fogos, que nunca resultaram no fim dos combates.

“Putin é um predador que não fica satisfeito com produtos congelados”, atirou Zelensky. “Temos que nos defender. Podemos derrotá-lo no terreno, no ar e no mar – e temos provado isso”, acrescentou.

O Presidente da Ucrânia considerou que é preciso apertar mais as sanções contra a Rússia, questionando como se pode estar contente com as atuais sanções se estas não impedem a produção de mísseis.

“Em todos os mísseis da Rússia há componentes críticos de países ocidentais”, sublinhou Zelensky em Davos.

Zelensky promete melhor segurança se Ucrânia for apoiada

Ciente do público que o ouvia, o líder ucraniano aproveitou para promover os benefícios de apoiar o esforço de reconstrução da Ucrânia, assim como a atual economia, afetada pela guerra.

“Fortaleçam a nossa economia e nós vamos fortalecer a vossa segurança”, salientou o Presidente Zelensky, que desta vez se deslocou pessoalmente a Davos, depois de duas participações por vídeo. E reforçou que “apenas o nosso povo e os vossos investimentos podem reconstruir uma economia resiliente”.

A ajuda norte-americana à Ucrânia está parada após um novo pacote de 60 mil milhões de dólares, proposto por Joe Biden, estar a ser bloqueado pelos Republicanos no Senado do Congresso dos EUA.

Por sua vez, a União Europeia não está a conseguir substituir a segurança dada pelo apoio da Casa Branca, já que não conseguiu aprovar, em dezembro, um pacote de 50 mil milhões de ajuda adicional. Os líderes europeus estarão a negociar alternativas que permitam contornar o bloqueio de Viktor Orbán.

Questionado, já no fim, sobre quanto tempo a população russa vai demorar até não permitir Putin continuar a guerra, Zelensky atirou que depende de quanto tempo os russos estão preparados para ser surdos e fingir que tudo está bem.

“Não acredito que Putin seja capaz de mudar, porque apenas os humanos o conseguem fazer”, advertiu.