Hillary. O que pensa a candidata que pode ser a primeira Presidenta americana
29-02-2016 - 20:14
 • Carlos Calaveiras

A corrida presidencial de 2016 tem na “super” terça-feira um dia que pode ser decisivo. Saiba o que defende Hillary Clinton, a favorita do lado democrata.

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Hillary Diane Rodham Clinton é uma mulher do “antes quebrar que torcer”. Já resistiu a muito na sua vida política e pessoal, sempre sem desistir do objectivo: ser a primeira mulher a chegar a 1600 Pennsylvania Av, Washington, DC.

A pré-candidata democrata, de 68 anos, já esteve na Casa Branca, mas como primeira-dama de Bill Clinton (entre 1993 e 2001). Nesse período ultrapassou o “escândalo Monica Lewinsky”, que fez tremer a presidência do marido e o seu casamento.

Já era primeira-dama quando teve de depor perante um grande júri. Foi a primeira a fazê-lo. Em causa estava a Whitewater, uma urbanização de que os Clinton foram sócios e que Bill foi acusado de beneficiar enquanto governador.

Vários analistas lembram que foi uma primeira-dama muito activa na Casa Branca. Tentou passar um plano de assistência médica e lutou pelo programa de seguro de saúde para crianças e da lei da adopção e da segurança familiar.

No entanto, a primeira vez que Hillary deu nas vistas foi muitos anos antes, como assessora dos democratas na comissão parlamentar para a impugnação do Presidente Nixon, na sequência do “Watergate”. Apesar disso, antes de regressar à vida política, foi advogada, professora e administradora de uma grande cadeia de supermercados.

Em 2000, chegou ao Senado. Entre 2009 e 2013 foi secretária de Estado, uma espécie de superministro dos Negócios Estrangeiros, tal como já tinham sido Madeleine Albright (1997-2001) ou Condoleezza Rice (2005-2009). Nessa altura atravessou a “Primavera Árabe”, mas também o ataque a Benghazi (Líbia), em que morreu o embaixador norte-americano, e a polémica dos emails secretos, que ainda hoje a atormenta na campanha.

Hillary tentou chegar à presidência em 2008, mas foi vencida pela lufada de ar fresco que representou Barack Obama e o seu “Yes, we can”. Curiosamente, o apoio dos negros, que fugiu há oito anos, está agora maioritariamente com Clinton. Já os jovens estão mais com Bernie Sanders.

A corrida presidencial de 2016 tem esta (super)terça-feira (em que se vota em 13 estados) um dia que pode ser decisivo. Do lado democrata a senhora Clinton lidera com grande vantagem, muito graças ao “aparelho” do partido – os chamados “superdelegados” (delegados ao congresso democrata não por serem eleitos, mas por terem lugar por inerência como governadores, senadores, ex-presidentes, ex-líderes do Congresso, ex-presidentes do partido) – e já venceu três dos quatro Estados onde se foi a votos (Iowa, Nevada e Carolina do Sul, contra New Hampshire, que ficou para Sanders).

Os detractores (internos ou externos) acusam Hillary de ser tacticista e de se ir “adaptando” aos temas e às circunstâncias para ganhar votos entre os eleitores sem perder o aparelho do partido. Em campanha, até a queda grave que deu em Dezembro de 2012 lhe valeu dúvidas sobre o seu estado de saúde por parte dos republicanos.

A nomeação democrata parece garantida: deverá ser Hillary Clinton a constar no boletim de voto de 8 de Novembro de 2016. Saiba o que pensa Hillary sobre os principais temas de campanha:

ESTADO SOCIAL

– Desde cedo que o futuro das crianças e das novas gerações tem sido uma das prioridades da actual candidata democrata. Não é diferente nesta campanha presidencial.


– Defende que nenhum aluno tenha de pedir empréstimos para pagar propinas ou material escolar e quer obrigar instituições a controlarem custos e terem propinas acessíveis.


– Quer expandir a Segurança Social e combater a privatização e o enfraquecimento do Serviço Nacional de Saúde.


– Quer melhorar o acesso ao emprego de pessoas com deficiência. E promete baixar impostos a famílias com deficientes ou pessoas com doenças crónicas.

– Tem como objectivos aumentar o salário mínimo, baixar impostos às famílias, apostar em salário igual para emprego igual e pagar baixas por doença.


– Quer baixar os preços dos medicamentos e obrigar as farmacêuticas a investir na investigação. Defende também uma melhoria do acesso a preservativos e das condições da prática da interrupção voluntária da gravidez.

SISTEMA POLÍTICO

– Exige que as empresas públicas e privadas tornem públicos os donativos a partidos e candidatos; quer incentivar que os pequenos doadores participem mais nas campanhas; defende um registo automático para votar de todos os jovens com 18 anos.

– Wall Street tem de ser mais escrutinado e deve haver consequências se nova crise chegar. “Nenhum banco pode ser demasiado grande para cair e nenhum gestor pode ser demasiado importante para não ser preso”.


– Defende um programa de criação de empregos e de investimento público em infra-estruturas, mas também na área da saúde e da ciência. Os mais ricos devem pagar a sua parte justa de impostos e deixar de ter isenções.

AMBIENTE

– Quer tornar os Estados Unidos também como uma “superpotência” das “energias limpas”, combater o desperdício energético, instalar 500 milhões de painéis solares, reduzir o consumo de petróleo em um terço e baixar 30% das emissões de gás na próxima década. Vai também terminar com algumas isenções de que beneficiavam as companhias de petróleo e gás.

SEGURANÇA

– Quer acabar com as prisões privadas, encorajar o uso de novas tecnologias na segurança (por exemplo, instalando câmaras na farda dos polícias) e melhorar a reintegração dos detidos na sociedade.

– Exige controlo criminal de todos os que quiserem comprar armas. Quer impedir que as armas cheguem a terroristas, criminosos, abusadores ou doentes mentais. Os fabricantes de armas também podem ter de ser chamados a “prestar contas”.




– Promete derrotar o autoproclamado Estado Islâmico, o terrorismo global e as ideologias que os defendem. Quer fortalecer as alianças em lutas conjuntas contra o cibercrime.

DIREITOS CIVIS

– Quer reformar a política de imigração que leve à legalização de muitos e permita que famílias fiquem juntas e tenham trabalho legal. Quer encerrar centros de detenção privados e aliviar políticas de deportação. Mostra-se totalmente contra a construção de muros nas fronteiras, como defende Donald Trump.


– Defende direitos iguais para homossexuais e admite que o racismo ainda é um sério problema no país, que tem de continuar a ser combatido.