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A agenda do dia estava condensada da parte da tarde, com três iniciativas separadas por muitos quilómetros e temperaturas elevadas. O cabeça de lista da CDU às eleições europeias, João Oliveira, alentejano habituado ao calor, não se deixou impressionar pelas temperaturas altas
O primeiro candidato da CDU segue habitualmente bem-disposto e sem pressas, exceto as que é obrigado pelo ritmo da agenda de campanha.
No Barreiro, num convívio com imigrantes, ouviu queixas sobre como é difícil para um não europeu derrubar barreiras burocráticas e como o ambiente é, atualmente, mais hostil.
João Oliveira ouviu, conversou e nos discursos rejeitou as opções europeias nesta matéria. Lembrou que a Europa tem uma dívida histórica com o resto do mundo, quando eram os europeus que iam em busca de uma vida melhor noutras paragens.
Enquanto Oliveira falava com imigrantes, já em Beja se montava o palco para o comício no Jardim Público. Valeu a sombra das árvores frondosas do jardim para a cerca de centena de pessoas que ali marcou presença suportarem melhor os quase 40 graus que o termómetro marcou.
Pelas 15h30 arrancaram as intervenções, desta feita com especial atenção para a saúde. João Dias, enfermeiro e antigo deputado (não conseguiu ser eleito nas legislativas de março), trazia uma lista de quase 200 nomes, todos de profissionais de saúde, que apoiam a CDU. Foi o mote para o partido reforçar os argumentos em defesa do Serviço Nacional de Saúde e acusar o atual Governo (bem como os anteriores) de quererem fazer da doença um negócio lucrativo para os privados.
As críticas e os recados políticos não ficaram por aqui. No fim do comício, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, falou aos jornalistas sobre Marcelo Rebelo de Sousa. Habitualmente mais contido nas palavras, desta vez considerou que o Presidente da República foi “um bocadinho despropositado” por ter chamado à atenção para a necessidade de consensos entre o PS e PSD que permita a aprovação do Orçamento do Estado para 2025.
“O que tem desgraçado a nossa vida têm sido estes consensos”, reforçou Paulo Raimundo. O Chega também não escapou ao crivo do secretário-geral. Diz que o partido de Ventura “está a marimbar-se para a imigração” e que só quer “manter esta conversa, potenciando até a imigração ilegal, porque a imigração ilegal é a melhor forma de puxar para baixo os direitos dos trabalhadores ilegais, primeiro, e depois vêm os outros”.
A noite, mais fresca, passou por Melides, animada por cante alentejano entoado por alguns dos cerca de 100 presentes num restaurante local.
Mais uma vez, João Oliveira e Paulo Raimundo falam. O candidato ao Parlamento Europeu retoma críticas partidárias. Primeiro, atira-se a Capoulas Santos, antigo ministro da Agricultura do Partido Socialista, que considerou que os únicos deputados que contam no Parlamento Europeu são os do PS e da AD. João Oliveira discorda e contra-argumenta que só os da CDU defendem verdadeiramente os interesses do povo.
Mais adiante, o alvo foi a Iniciativa Liberal e o cabeça de lista Cotrim Figueiredo. João Oliveira critica a visão da IL que diz que os mais novos têm um fardo às costas por terem de suportar as pensões e reformas dos avós. “Esta é a perspetiva cínica de quem olha para as pessoas vendo apenas cifrões”, diz Oliveira, defendendo que as gerações não podem ser postas umas contra as outras.
No rol de críticas dos comunistas, só escaparam Bloco de Esquerda, Livre e PAN.