O VIH/sida, actualmente já considerada como uma doença crónica, pode deixar de ser uma epidemia global dentro de pouco mais de uma década. O objectivo, definido pelas Nações Unidas, passa por chegar a 2030 com a epidemia do VIH/sida terminada. Surgirão casos isolados, mas que já não representarão uma ameaça à saúde mundial.
Em véspera do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala na quinta-feira, António Diniz, antigo coordenador do Programa Nacional para o VIH/sida, explica, à Renascença, que as metas da ONU passam por conseguir que, em 2030, “95% das pessoas infectadas estejam diagnosticadas, 95% das pessoas diagnosticadas estejam em tratamento e que 95% das pessoas em tratamento estejam com a doença controlada”.
“Se conseguirmos isto a nível global, nós podemos dizer que a infecção por VIH deixou de ser uma ameaça à saúde pública e perdeu esse carácter de epidemia a nível global”, sublinha António Diniz.
Para tal, “é preciso diagnosticar o maior número possível de pessoas o mais cedo possível, conseguir que as pessoas tenham ligação aos cuidados de saúde, que permaneçam ligadas aos cuidados de saúde sob tratamento. Um tratamento que tenha a eficácia suficiente para que tenham a doença controlada”.
O antigo coordenador do Programa Nacional para o VIH/Sida destaca, ainda, que os últimos dados disponíveis, referentes a 2014, apontam para que Portugal já tenha alcançado uma das metas definidas pelas Nações Unidas para o ano de 2020. “Portugal pode ter atingido a primeira meta, isto é, 90% das pessoas infectadas já terão sido diagnosticadas. É verdade que esse valor está mesmo no limite, mas poderá já ter sido atingido”, diz.
António Diniz chama a atenção para que este dado não faça diminuir o esforço de diagnóstico precoce da doença que tem sido feito. “Esse esforço tem de ser até aumentado, para que a meta seja consolidada e até ultrapassada”.
[Notícia actualizada às 16h03 com declarações de António Diniz à Renascença]