O Exército sérvio anunciou esta terça-feira que colocou as suas tropas em alerta máximo, num momento de escalada de tensões no vizinho Kosovo, onde ocorreram tiroteios e onde se registam bloqueios de estradas.
"O Presidente da Sérvia (...) determinou que o Exército sérvio esteja no mais alto nível de prontidão de combate, ou seja, no nível do uso da força armada", sublinhou o ministro da Defesa sérvio, Milos Vucevic, em comunicado.
O general Milan Mojsilovic, chefe das forças sérvias, já tinha anunciado que foi destacado pelo Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, para a fronteira com o Kosovo.
"A situação lá é complicada", tinha referido o chefe de gabinete do general à televisão Pink no domingo à noite, a caminho de Raska, a dez quilómetros da fronteira com Kosovo.
A mesma fonte acrescentou que é necessária "a presença do Exército sérvio ao longo da linha administrativa", termo utilizado pelas autoridades sérvias para designar a fronteira com o Kosovo.
O Ministério do Interior sérvio indicou, por sua vez, que "todas as unidades" ficarão "imediatamente sob o comando do Chefe do Estado-Maior".
Pelo sétimo dia consecutivo, a minoria sérvia do Kosovo mantém os bloqueios de estradas e as autoridades temem que a concentração de forças da polícia kosovar, aumente a tensão na região.
Pouco antes da partida de Mojsilovic para a zona de fronteira, vários meios de comunicação sérvios divulgaram um vídeo nas redes sociais, onde se ouvem disparos de arma de fogo, alegando tratar-se de "lutas" ocorridas ao início da noite quando as forças kosovares tentavam desmantelar uma barricada.
Esta informação foi imediatamente negada pela polícia do Kosovo, que referiu na sua página no Facebook que os seus membros não tinham participado em nenhuma troca de tiros.
Os media em Pristina, por outro lado, afirmaram que uma patrulha da Força de Manutenção da Paz do Kosovo (Kfor), uma missão da NATO, estava na zona de tiro.
O ministro do Interior de Kosovo, Xhelal Svecla, afirmou que a patrulha Kfor tinha sido atacada, enquanto a missão da NATO anunciou que ia investigar os tiroteios ocorridos "em 25 de dezembro, perto de uma patrulha" da sua missão.
"Não houve feridos ou danos materiais", garantiu a Kfor em comunicado.
A tensão entre Pristina e a população sérvia kosovar e de Belgrado, que tem crescido nos últimos meses, disparou com a detenção de vários polícias sérvios que deixaram a polícia kosovar em novembro.
Centenas de representantes sérvios retiraram-se das instituições do Kosovo depois de Pristina ter exigido que a população sérvia do Kosovo deixasse de usar matrículas de carros emitidas pela Sérvia.
Na semana passada, o governo kosovar avisou que se a KFOR não remover as barricadas sérvias na parte norte do país, as uas forças de segurança irão desempenhar essa missão.
O primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, anunciou também na semana passada que vai solicitar um encontro com o comandante da KFOR, que defende uma solução negociada para a atual crise.
Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral da sua ex-província do sul, autoproclamada em 2008 na sequência de uma guerra iniciada por uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.
Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,8 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.