O Presidente da República acredita que o Parlamento vai tomar "uma boa solução" sobre o 25 de Abril e defendeu que as relações entre Portugal e o Brasil estão num "plano mais importante".
"É importante para nós o relacionamento entre Portugal e o Brasil e eu tenho a certeza que qualquer que seja a solução a que chegue a Assembleia, é uma boa solução. Qualquer solução da Assembleia da República é uma boa solução, ela é soberana", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Falando aos jornalistas à chegada à cerimónia dos 140 anos da Sociedade de Instrução e Beneficência "A Voz do Operário", em Lisboa, o chefe de Estado foi questionado se o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, se precipitou quando anunciou que o Presidente brasileiro, Lula da Silva, iria discursar na sessão solene do 25 de Abril no Parlamento.
"Há que respeitar a competência da Assembleia da República e o funcionamento da separação de poderes", defendeu, apontando que isso "está num plano que é muito importante".
"Mas há um plano mais importante, que é o das relações entre Portugal e o Brasil, e é importante que, apresentadas as desculpas, esclarecidos os equívocos, ultrapassado isso, que não seja o tema fundamental da visita do Presidente Lula da Silva uma questão que não tem a ver com o fundamental", apontou Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhando que a comunidade brasileira em Portugal é composta por "400 mil" pessoas e "ele representa todos os brasileiros".
Apontando que "é o presidente da Assembleia que fixa a ordem de trabalhos, ouvida a conferência de líderes", o chefe de Estado pediu, "no respeito total da separação de poderes e da palavra da Assembleia da República", que, "independentemente daquilo que as pessoas pensam, gostando ou desgostando de Lula da Silva, como seria o mesmo com Jair Bolsonaro, que o ser a favor, o seu contra, não inquine a questão fundamental, que ele é presidente de todos os brasileiros".
O Presidente da República disse também que não falou com Lula da Silva desde que o anúncio foi feito.
"Imagino que, com todo o devido respeito pelas questões suscitadas, o Presidente Lula da Silva será o primeiro a compreender que as relações entre os dois países estão num plano tal que não podem ser misturadas com suscetibilidades que derivam daquilo que aconteceu ou não aconteceu, e que eu não vou comentar", acrescentou.
Marcelo espera que a visita de Lula "corra bem" e não seja prejudicada por estão questão, defendendo que "não pode ser partidarizada, objeto de uma querela política interna em que os que não gostam dele por razões ideológicas tomam uma posição e os que gostam muito dele tomam outra posição".
O Presidente da República disse esperar "que questões que têm a ver com aspetos de respeito protocolar, ou de entendimentos diferentes" sobre a decisão e como for tomada, "não impeçam o essencial, é que corra bem uma visita que é importante para Portugal, que corra bem a cimeira entre os governos de Portugal e do Brasil, que corra bem o contacto com a comunidade brasileira, toda ela".
"E depois, coincidindo com o 25 de Abril, também é bom que corra bem e não haja um problema por causa dessa coincidência e que a coincidência de datas em vez de ser uma coincidência que significa uma boa coincidência, não, passar a ser uma má coincidência", apontou.