É preciso acautelar que os trabalhadores da restauração não são dispensados, porque vamos precisar deles daqui a uns tempos. Não só isso: neste momento as empresas do setor estão com "falta de liquidez" e precisam de medidas concretas de "apoio à tesouraria". É o que alerta a secretária-geral da AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal em entrevista à Renascença.
Perante a gravidade da situação das empresas do setor, a AHRESP diz que o Governo fez a opção que se esperava, mantendo a restauração aberta, mas sublinha que é preciso mais.
"Sempre dissemos que deveríamos acautelar que os estabelecimentos pudessem continuar a trabalhar num regime de take-away, entregas ao domicílio ou drive-in, que deveriam ser incentivadas a fazê-lo e foi isso que aconteceu, mas isso não resolve o problema", defende Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP.
"O sufoco dos nossos empresários, se já era muito, ainda se intensificou, porque muitos dos estabelecimentos não terão condições para continuar a fazer este tipo de serviços e vão estar mesmo encerrados e isso é um drama. O que temos feito, trabalhando muito de perto com o Governo, numa atitude de grande responsabilidade e seriedade, é procurar as respostas essenciais para que as empresas possam assegurar os seus compromissos e obrigações para com os trabalhadores."
Até porque, destaca Ana Jacinto, "é preciso acautelar que estes trabalhadores, que vão ser precisos daqui a uns tempos, possam não ser dispensados”.
Acima de tudo, as empresas precisam de liquidez e, nesse sentido, a secretária-geral da AHRESP apela ao Governo que seja rápido na ação e que os apoios sejam ágeis.
“Precisamos é de apoio à tesouraria, de medidas concretas. É isso que temos dito ao Governo. Acaba de ser disponibilizada, pelo Turismo de Portugal, uma medida importante: um apoio direto às empresas num valor de 750 euros por colaborador, num período de três meses, com uma dotação máxima por empresa de 20 mil euros."
Este é um "um apoio importante", refere Ana Jacinto, "porque é um apoio direto e automático, ao contrário de todos os outros apoios da tesouraria, que foram avançados, cujo intermediário é a banca e as linhas ainda não estão estruturadas e disponíveis."
"Acreditamos que da parte do Governo há essa preocupação mas tem de haver rapidez. Estas linhas que vão ser estruturadas não podem ser muito complexas, inacessíveis, porque estamos a falar de um tecido empresarial muito micro. Precisamos de linhas muito ágeis, muito flexíveis e muito rápidas, sob pena de existirem as linhas, existir o dinheiro que foi anunciado mas, depois, não serve para nada porque não chega às empresas."