Seria necessário o dobro dos profissionais no serviço de urgência do Hospital de Braga. As contas são feitas pelo enfermeiro Rui Ribeiro, daquele serviço hospitalar.
“Temos falta de profissionais para as necessidades existentes, independentemente, do grupo profissional. Precisaríamos de, pelo menos, do dobro do que temos”, atira o enfermeiro que descreve um serviço sobrecarregado e com longos tempos de espera.
“Não temos capacidade de dar resposta aos utentes em tempo útil. Por exemplo, os doentes triados com a cor amarela, cujo objetivo seria uma hora de espera até a observação, vão, por vezes, até às quatro ou cinco horas”, revela.
Em Guimarães, onde as instalações das urgências do Hospital foram renovadas, continuam a faltar enfermeiros e médicos.
“Deveríamos ter muitos mais profissionais por turno, para dar uma resposta com a qualidade que seria exigível num país como o nosso”, lamenta Pedro Gonçalves. Segundo o profissional de enfermagem faltam, sobretudo, enfermeiros e auxiliares. “Se não for o dobro, muito perto disso”, estima.
Mais a sul, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, a previsão é que, até ao final do mês, “59 enfermeiros deixem aquela unidade hospitalar”, conta a profissional de saúde, Kamala Liladar que adianta que o hospital “só consegue repor 15”.
Uma lacuna de profissionais que a enfermeira prevê que afete o funcionamento de toda a unidade hospitalar.
“Cinquenta e nove enfermeiros representam dois ou três serviços. É muito o que temos de assegurar: a urgência, os blocos operatórios, os cuidados médicos”, lamenta.
À Renascença, a Ordem dos Enfermeiros garante estar atenta às dificuldades de quem trabalha nos serviços de urgência. A bastonária Ana Rita Cavaco dá o exemplo do centro Hospitalar do Algarve e do Hospital de Santa Maria como dois dos casos mais problemáticos.
“Faro é um problema crónico. Tem uma equipa de enfermeiros que é metade do que deveria ter para o número de atendimentos. E Santa Maria é a mesma coisa”, descreve a bastonária, destacando “a questão da organização e as equipas muito reduzidas de enfermeiros” como dois dos principais erros na gestão dos serviços de urgência no país.