As transações em bolsa são anónimas e há “fortes penalizações” para a quebra do sigilo, explica à Renascença João Queiroz, responsável de negociação no Banco Carregosa, depois de o primeiro-ministro ter defendido que a compra de ações dos CTT pelo Estado não foi mantida em segredo, mas também não foi revelada publicamente.
Na prática, além dos que executam as ordens de compra de ações, mais ninguém podia saber quem estava a comprar os títulos, explica João Queiroz.
“Há um conjunto de traders que habitualmente trabalha com as empresas. Quem é que conhece essas ordens? Habitualmente, é a equipa que está a gerir essas ordens e o responsável da equipa. Existe dever de sigilo, é impossível transmitir esta informação porque existem fortes penalizações por parte da regulação, de mercados e bancária. Esta informação é anonimizada. Ela vai para o mercado e está no mercado de forma anónima”, indica João Queiroz.
Quem compra pode divulgar ao mercado, a qualquer momento, que o está a fazer. A partir de determinada percentagem, passa a ser obrigado a anunciar, sublinha o responsável de negociação no Banco Carregosa.
“Há deveres de obrigatoriedade e de publicação quando atingem determinadas percentagens. A partir dos 2% há necessidade de tornar pública essa informação. Se forem atingidas determinadas percentagens há necessidade de comunicar aos restantes acionistas, porque pode haver acordos parassociais ou quem possa ter direitos de preferência, os trabalhadores e os credores”, explica João Queiroz, do Banco Carregosa.