Seria um regresso aos anos 90. Pedro Duarte, presidente do Conselho Estratégico do PSD, defende que o seu partido deve assumir uma posição “responsável e construtiva”, caso o PS vença as eleições sem apoios para uma maioria no Parlamento. Ouvido no programa “Casa Comum”, da Renascença, o social-democrata que já foi diretor de uma campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, lembra que o então líder do PSD viabilizou três Orçamentos do Estado a António Guterres em maioria relativa entre 1997 e 1999.
“Se olharmos para o histórico do Partido Social Democrata na nossa democracia, o PSD sempre teve o sentido de responsabilidade de colocar os interesses nacionais acima dos interesses partidários. Não tenho dúvidas que vai voltar a acontecer quando um cenário dessa natureza se voltar a colocar no futuro, seja quando for”, afirma Pedro Duarte, sublinhando que essa é a decisão própria de um partido “responsável, moderado, do centro político”.
O comentador do programa “Casa Comum” sublinha que o PSD conhece os mecanismos de “alternância democrática” uma vez que já esteve no Governo e na oposição. “Não é por se viabilizarem orçamentos ou, por exemplo, um programa de governo que se deixa de fazer oposição”, afirma Pedro Duarte, lembrando as três viabilizações dos Orçamentos do PS de António Guterres pelo PSD de Marcelo Rebelo de Sousa na preparação para a adesão ao Euro.
“Ele não sabe sequer se continua como Presidente do PSD”
Confrontado com o silêncio de Luís Montenegro sobre esse cenário, o social-democrata repetiu várias vezes a mesma ideia. “Acho que não há grandes dúvidas a esse respeito sobre qual é o posicionamento do PSD”, diz o dirigente social-democrata, no contexto de um “Partido Socialista normal” se não houver um “extremar radical” em que o PS recusa “qualquer espécie de aproximação ao centro”.
Pedro Duarte diz compreender a estratégia do atual líder do partido, adivinhando uma possível mudança na presidência do PSD depois das eleições. “Luís Montenegro, enquanto líder do PSD, não pode vincular o partido a uma posição no dia a seguir em que - ele não pode dizer, mas eu posso dizer - não sabe sequer se continua como Presidente do PSD”, argumenta Pedro Duarte a propósito de um cenário de uma derrota da AD nas eleições.
“Não iremos nunca atrás do Chega para fazer seja o que for”
Já o socialista Porfírio Silva insiste que Luis Montenegro está a “esconder o jogo” em relação ao que vai fazer, acusando o PSD de “estar a arrastar os pés nos Açores para evitar que haja uma votação do programa do Governo dos Açores antes de 10 de Março”. No Programa “Casa Comum”, o deputado socialista acusou o PSD de ter usado o Chega nos Açores para impedir o PS de Vasco Cordeiro de governar. “Nunca fomos atrás do Chega, nem iremos nunca atrás do Chega para fazer seja o que for, nem contra o PSD nem contra ninguém”, assegura o dirigente socialista.
Até agora, Pedro Nuno Santos disse que "será muito difícil" que o PS viabilize um governo minoritário da AD. Questionado sobre a possibilidade de apresentar uma moção de rejeição do programa de governo de um eventual executivo da AD, Porfírio Silva lembrou apenas que os socialistas não podem ‘abandonar’ as suas políticas. “Não podemos dizer aos eleitores que vamos defender A B e C e chegando ao Parlamento, dizer que fazemos aqui um intervalo e que vamos esquecer isso. Nós não podemos fazer isso”, remata Porfírio Silva na Renascença.