O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, classificou esta segunda-feira como normal a realização de eleições gerais em julho em Espanha a coincidirem com o início do semestre de presidência do Conselho da UE.
"Não considero que seja um problema", destacou Borrell, em declarações aos jornalistas.
O também vice-presidente da Comissão Europeia sublinhou ainda que não é a primeira vez que um país tem eleições destas características a coincidirem com a presidência da União Europeia.
A antecipação das eleições nacionais em seis meses foi anunciada hoje pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, na sequência da derrota dos socialistas, que lidera, nas regionais e locais de domingo.
Josep Borrell lembrou que a mesma situação ocorreu em França quando este país assumiu a presidência rotativa, garantindo que a situação está dentro da normalidade.
"Estamos acostumados a que estas coisas aconteçam, que coincidam", sublinhou, explicando que decorrerão eventos como a cimeira UE-América Latina e Caraíbas em 17 e 18 de julho em Bruxelas ou a cimeira da NATO na Lituânia, uma semana antes, nas quais estará presente Sánchez.
Questionado sobre se teria sido preferível não gerar esta situação no início da presidência, Borrell frisou que a convocação de eleições é uma competência constitucional do chefe do Governo e que é este quem decide.
"O presidente do Governo é o único autorizado a tomar este tipo de decisão, e se o fez depois do resultado eleitoral, então terá razões", destacou o diplomata espanhol, insistindo que isso pode ser perfeitamente compatível com a presidência europeia, que Espanha assume no segundo semestre deste ano.
O calendário oficial das eleições gerais de 23 de julho será divulgado na terça-feira, iniciando o período eleitoral, o que implica a proibição de realização de cerimónias de tomada de posse e a autorização para a divulgação de propaganda institucional.
As eleições legislativas espanholas estavam previstas para dentro de seis meses, em dezembro, mas hoje Sánchez disse que tomou a decisão de antecipar o calendário face aos resultados das eleições municipais e regionais de domingo.
No domingo, o mapa regional e autárquico de Espanha deixou de ser dominado pelos socialistas com as eleições regionais e locais, que o PP ganhou, reivindicando o início de um "novo ciclo político" no país.
O PSOE liderava os executivos regionais de nove das 12 regiões autónomas que tiveram eleições no domingo e perdeu mais de metade, conservando apenas quatro: Astúrias, Canárias, Castela La Mancha e Navarra.
Já o PP, que só governava duas das regiões que no domingo foram a votos (Madrid e Múrcia), poderá ficar a liderar oito, a que se juntam Andaluzia e Castela e Leão, que anteciparam para 2022 as eleições e que o Partido Popular também ganhou.