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Os líderes do Partido Socialista (PS) e da Iniciativa Liberal (IL) deram esta segunda-feira, na SIC, o pontapé de saída nos debates televisivos para as eleições legislativas de 10 de março. Pedro Nuno Santos e Rui Rocha trocaram acusações sobre impostos e serviços públicos.
No plano económico, o secretário-geral socialista defende que o seu programa é um "projeto transformador" do país, com concentração de apoios em setores de "maior arrastamento da economia".
Pedro Nuno Santos fala numa "grande diferença" para a IL, "que tem uma proposta de redução dos impostos radical e aventureira, que vai provocar rombo nas finanças públicas que dificilmente será compensado".
Quanto custa o choque fiscal da IL?
Como é que a IL quer compensar este choque fiscal? "Cortando no Estado social, na escola, na saúde. No final de um programa destes o que espera Portugal é a austeridade", alerta o secretário-geral do PS.
De acordo com o líder socialista, o "choque fiscal" da Iniciativa Liberal é uma espécie de "magia fiscal" que custa cerca de 9 mil milhões de euros ao país. Rui Rocha garante que "é falso" e diz que serão necessários quatro a cinco mil milhões de euros.
"Se o Estado reduzir 3 a 4% da sua despesa para aliviar as famílias, chegou o momento de o fazer", defende a IL.
Pedro Nuno Santos garante que não há nenhum "dogma fiscal" no PS e que o Governo de António Costa baixou o IRS nos últimos anos.
"Temos uma carga fiscal abaixo da média europeia. Todos devemos procurar baixar a carga fiscal, dentro das possibilidades do país. A diferença entre mim e Rui Rocha é que sabe que não vai governar", atirou o líder socialista.
"Pedro Nuno Santos falhou na habitação, na TAP e na ferrovia"
Na resposta, Rui Rocha disse que "aventureiro é quem insiste em medidas e programas iguais aos que nos trouxeram à situação atual" e acusou Pedro Nuno Santos de querer "dirigir a economia".
"A taxa de desemprego dos jovens é de 23,5%. Temos uma situação insustentável. Um em cada três jovens já emigraram e um em cada quatro está desempregado. Os que trabalham recebem 1.100 euros brutos de salário, em média. É uma situação insustentável. Mais do mesmo não vai resolver nada”, disse o líder liberal.
Rui Rocha considera que o PS insiste nas mesmas medidas que enfraqueceram os serviços públicos, dando exemplos de problemas na Saúde e na Educação, e acusa Pedro Nuno Santos de falhar na habitação, na TAP e na ferrovia.
"Pedro Nuno Santos falhou na habitação, prometeu habitação condigna para todos os portugueses até 2024 e falhou. Falhou na ferrovia, falhou na TAP. Prometeu que devolveria 3 mil milhões aos portugueses e nem um cêntimo.
O PS esteve os últimos oito anos no Governo e "querem que Portugal continue preso a soluções que não funcionam", criticou Rui Rocha. "O que é que não funciona?", perguntou Pedro Nuno Santos.
O líder da IL considera que é possível colocar 250 mil casas no mercado para resolver o problema da habitação: "Queremos licenciar mais rápido, eliminar o IMT, IVA de 6% e casas devolutas do Estado ao serviço dos portugueses. No passado já construímos 120 mil casas num ano”.
Pedro Nuno Santos considera que a habitação é um problema em toda a Europa. "Nós, em 2015, quando o PS assumiu funções, sobre habitação não havia nada. Lançámos o maior programa de investimento público em habitação de que há memória no país. Temos entre 15 e 20 mil casas entre projeto, obra e já entregues. Temos famílias a receber apoios ao arrendamento", salientou o antigo ministro das Infraestruturas.
Líder do PS sem "dogmas" nas PPP da Saúde
A IL propõe-se a dar médico de família a todas pessoas com mais de 65 anos, grávidas e crianças até aos nove anos e reduzir o tempo de espera para cirurgia com recurso ao setor social e privado. Rui Rocha disse que "radical" é ter um SNS em que idosos dormem em frente ao centro de saúde para ter uma senha ou grávidas sem saber a que hospital se devem dirigir.
Pedro Nuno Santos admitiu problemas, mas considera que não sem resolvem desistindo do Estado social e garantiu que não tem "dogmas" sobre as parcerias público-privadas na Saúde, desde que sejam dadas os mesmos meios aos administradores públicos.
As eleições regionais de domingo nos Açores, que deram uma vitória à coligação PSD/CDS/PPM sem maioria absoluta, marcaram o arranque do debate na SIC.
Questionado se o PS vai viabilizar um governo de direita nos Açores, Pedro Nuno Santos respondeu que a decisão é dos socialistas açorianos e que respeita as autonomias.
"Em relação a um futuro governo regional, a minha posição é de respeito pela autonomia e pelo PS Açores. Vão reunir na próxima quinta-feira. Tenho uma posição no plano nacional e a decisão dos socialistas açorianos terá o meu apoio. A decisão é dos socialistas açorianos e concordarei com a posição do PS Açores", garantiu Pedro Nuno Santos. Sobre as eleições legislativas de 10 de março, o líder socialista referiu recentemente que dificilmente o PS viabilizaria um governo do PSD.
Sobre a situação política nos Açores, Rui Rocha garante que a Iniciativa Liberal, que elegeu um deputado, está "disponível para o que trouxer vantagem para os açorianos".
Pedro Nuno Santos começou o debate com a defesa da honra em relação a uma notícia sobre ajudas de custo que recebeu enquanto deputado, por ter residência em São João da Madeira.
"Nos últimos dias têm-me feito um ataque sobre uma notícia insidiosa, de que eu recebi ajudas de custo de forma indevida. Tinha o meu centro de vida e familiar em São João da Madeira, e recebi ajudas de custo até me mudar para Lisboa. Se quisermos um debate com elevação devemos respeitar os nossos adversários", afirmou o líder socialista.