O Centro Urbano de Famalicão vai ser preenchido nos meses de verão por um fio condutor do passado, presente e futuro, através de uma instalação artística urbana da autoria de Madalena Martins.
De acordo com a autarquia, o fio têxtil é o elemento plástico que constrói a narrativa, que terá o seu início nos jardins dos Paços do concelho, desenvolvendo-se pela Rua Adriano Pinto Basto até à Praça D. Maria II, nomeadamente até à estátua da rainha D. Maria II, fundadora do concelho.
“Fios brancos partem das árvores do Jardim Municipal, como se cada tronco fosse o suporte de um novelo, estável e enraizado na terra. A partir dali os fios encontram-se, cruzam-se e criam uma teia. Ancorados em pontos que a rua nos oferece, moldam-se à sua arquitetura, criando assim um desenho irregular, mas coeso, leve mas seguro pela força da sua pluralidade. Esta trama estrutural, que a dada altura se tinge com uma cor vibrante e quente, sustenta um novo fio, que rompe o percurso de forma livre e criativa, carregado de luz e energia própria. Avança no mesmo sentido, mas com a curiosidade própria de quem procura novos caminhos”, explica a autora Madalena Martins.
“Ao longo da sua rota, este fio entrelaça-se em edifícios históricos, penetra em casas, mergulha pelas copas das árvores e avança, até abraçar a escultura da Dona Maria II, figura histórica que também ela impulsionou a cidade e a fez progredir. E é nas suas mãos que a teia de fios termina, a tricotar uma nova peça, feita de história, tradição e descoberta”, acrescenta.
Para a construção desta instalação artística foram reutilizados desperdícios da Riopele, parceira da iniciativa, nomeadamente as aparas de final da produção de um tecido, a chamada “Ourela falsa de tear”.
Qualificar o espaço urbano através da exploração artística da sua identidade
Segundo o presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, esta é uma aposta do município na qualificação do espaço urbano de Famalicão e na qualificação da sua marca através da exploração artística da sua identidade, neste caso a identidade têxtil.
“A atratividade e a imagem de uma cidade constrói-se a partir de fatores de diferenciação que potenciem de forma singular a identidade, a cultura e as principais forças de um território. Este olhar único, diferenciador, qualificador, será potenciado através da linguagem artística criativa, singular, diferenciadora”, assinala.
Madalena Martins conta que “desenhar a identidade de uma cidade através de uma instalação artística no espaço público foi o desafio proposto”, destacando que “Famalicão distingue-se pela sua história dedicada ao universo têxtil”.
“Uma tradição sólida que alimenta o seu conhecimento na procura constante de novos caminhos voltados para o futuro. O que esta instalação artística representa é essa identidade na essência do seu processo construtivo” e explora o espaço público enquanto “palco de uma narrativa visual efémera”, assinala.
Licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, em 2010, depois do prémio do POPs da Fundação de Serralves (Projectos Originais Portugueses) e de ter passado dois anos pela Incubadora de Indústrias Criativas INSerralves, Madalena Martins focou-se nos seus próprios projetos explorando um universo dedicado ao design e ao imaginário da cultura portuguesa, reinterpretando histórias e materiais, devolvendo emoções em forma de objetos ou instalações em espaço público.
A instalação da intervenção começa a ser montada esta quarta-feira, dia 28 de junho, e decorrerá durante o período noturno. Durante o processo haverá condicionamentos ao tráfego automóvel na Rua Adriano Pinto Basto.