Oito anos e muitas contrariedades depois de apresentado o projeto, foi esta sexta-feira finalmente lançada a primeira pedra da nova casa da Ajuda de Berço. Será a terceira desta associação de solidariedade e está a ser construída na freguesia de Benfica, em Lisboa. Deverá estar pronta na primavera de 2021.
A obra arrancou num terreno cedido pela Câmara de Lisboa e, para já, com apenas um milhão de euros, metade do orçamento total. A Ajuda de Berço acredita que irá conseguir o dinheiro que falta através da boa vontade de todos quantos apoiam a sua causa.
“Vai acolher as crianças que vão transitar da casa da Avenida de Ceuta e vamos abrir mais uma valência para 15 bebés e crianças, que tenham doença crónica ou estejam em situação de abandono, até atingirem a maioridade. Isso desde que as doenças sejam impeditivas deles se integrarem na família biológica ou de adoção. O grande desafio é ficar com crianças que não têm possibilidade de ter um projeto de vida”, afirmou à Renascença Sandra Anastácio, presidente da Ajuda de Berço.
A Ajuda de Berço tem neste momento 40 crianças a seu cargo, de um total de 405 que já ajudou nos últimos 21 anos. Sandra Anastácio sublinha que cuidar de crianças abandonadas, ou cujas famílias não conseguem dar-lhes o devido apoio na doença, é uma obrigação do Estado.
“Não sendo o Estado capaz de cumprir sempre esta necessidade e sabendo nós, na sociedade civil, que há crianças a precisar deste tipo de serviço, propusemo-nos a fazê-lo. Quanto à pergunta de quantas casas serão precisas, ela tem que ser feita ao Estado. A verdade é que há muitas crianças em Portugal a precisar de acolhimento residencial”, assegurou.
Presente na cerimónia, o Cardeal Patriarca de Lisboa não poupou elogios ao trabalho da Ajuda de Berço.
“É aqui que todos nós devemos ter o coração, como cidadãos. Mas isto é tudo muito genérico, tem que se ativar com o empenho de alguns, que depois também se pega e motiva outros a fazer o mesmo caminho. A Ajuda de Berço tem feito um caminho notável, desde a sua fundação. Ao princípio tudo parecia impossível, mas a possibilidade estava garantida no coração das pessoas que se dedicaram à causa”, saúda D. Manuel Clemente.