Os líderes dos 27 da União Europeia (UE) vão decidir, esta quinta-feira, sobre o processo de candidatura da Ucrânia ao bloco europeu, no arranque de uma cimeira em Bruxelas dominada pelo alargamento, com a guerra como pano de fundo.
Num Conselho Europeu de dois dias antecedido de uma reunião de líderes da UE e dos países dos Balcãs Ocidentais – há anos na ‘fila de espera’ para aderir ao bloco comunitário -, os chefes de Estado e de Governo dos 27 vão debruçar-se sobre as recentes recomendações da Comissão Europeia relativamente aos pedidos de adesão apresentados pela Ucrânia, Moldova e Geórgia já depois de a Rússia ter invadido o território ucraniano, em 24 de fevereiro passado.
Na última sexta-feira, o executivo comunitário recomendou a atribuição do estatuto de países candidatos à Ucrânia e Moldova, enquanto para a Geórgia propõe que lhe seja dada apenas “perspetiva europeia”, por considerar que são necessários mais passos para o estatuto de país candidato.
As atenções estão inevitavelmente centradas na decisão sobre a Ucrânia, parecendo agora um dado adquirido que os 27 seguirão a recomendação da Comissão, sobretudo desde que, na passada semana, os líderes das três maiores economias da União – o chanceler alemão Olaf Scholz, o Presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro italiano Mario Draghi – estiveram em Kiev para expressar em conjunto o seu apoio à concessão do estatuto com efeito “imediato”.
Na terça-feira, num Conselho de Assuntos Gerais – ao nível de ministros responsáveis pelos Assuntos Europeus -, registou-se um “consenso total” entre os Estados-membros sobre a atribuição do estatuto de país candidato à adesão à Ucrânia, revelou a presidência francesa, tendo fontes diplomáticas confirmado, na quarta-feira, a expectativa de que o Conselho Europeu apoie as recomendações da Comissão e aprove o estatuto de candidatos para Ucrânia e Moldova sem imporem condições suplementares.
Numa conversa telefónica realizada na terça-feira, o primeiro-ministro, António Costa, confirmou ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que Portugal apoia a concessão à Ucrânia do estatuto de candidato no seu processo de adesão à UE, na sequência da recomendação do executivo comunitário.
Este procedimento acelerado relativamente a Ucrânia e Moldova contrasta com a lentidão dos processos de alargamento aos países dos Balcãs Ocidentais, razão pela qual ainda antes do Conselho Europeu, com início agendado para as 15h00 (14h00 de Lisboa), terá lugar, no período da manhã, uma reunião com os líderes destes países, na qual serão discutidas “formas inovadoras de fazer avançar as conversações de adesão, incentivar a reforma e fazer progressos na integração gradual entre a UE e a região”.
Para o segundo dia de trabalhos do Conselho Europeu, na sexta-feira, ficam reservados os restantes temas em agenda nesta cimeira, designadamente económicos, havendo mesmo lugar a uma cimeira do Euro, com a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, para um debate sobre a situação económica na Europa à luz da guerra na Ucrânia.