O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, admite que o Governo pode desencadear mecanismos semelhantes aos de Pedrógão Grande para os concelhos afectados pelos incêndios de domingo.
"Não há uma resposta pronto-a-vestir, ou seja, as respostas que em alguns casos foram identificadas e que estão a ser concretizadas principalmente nos três concelhos mais abrangidos naquele que ficou conhecido pelo incêndio de Pedrógão Grande. Na sua natureza, podem ser e devem ser generalizadas, no seu desenho específico, pode haver outro tipo de soluções ou de respostas", disse.
O governante, que falava aos jornalistas no final de uma reunião com o presidente da Câmara de Castelo Branco, depois de ter reunido, durante a manhã, com os autarcas de Oleiros e da Sertã, disse que é preciso assegurar que o conjunto de instrumentos que as políticas públicas têm para dar resposta aos impactos desta situação, sejam mobilizados.
"Eu identifico três ou quatro áreas onde as soluções têm que ser da mesma família, mesmo que não sejam exactamente iguais", afirmou.
A visita do ministro ao distrito de Castelo Branco, nomeadamente aos concelhos de Oleiros e da Sertã, os mais afectados pelos incêndios, tem como objectivo principal acelerar o processo de levantamento das situações que resultaram de domingo.
"Creio que neste caso [incêndios de domingo], até dada a dispersão territorial que estes acontecimentos de domingo tiveram, teremos que reforçar uma articulação com os municípios, entre o Estado central, com cada um dos municípios é absolutamente essencial. É esse principio que também vai guiar a nossa intervenção", sustentou.
Vieira da Silva sublinhou que particularmente nos dois concelhos que visitou durante a manhã foram identificadas situações de "elevada sensibilidade", nomeadamente, com perda significativa de rendimentos de alguns sectores da população, destruição de habitações e impacto "muito pesado" ao nível da destruição da floresta, um dos factores estruturantes do tecido económico local.
"Obviamente, para além dos danos humanos, há a dimensão social e económica que necessita de uma resposta eficaz, uma resposta que infelizmente não poderá fazer andar para trás a fita do tempo, mas que nos obriga a dedicar-lhes uma atenção muito forte e tão eficiente e eficaz quanto possível. É isso que o Governo irá fazer depois de concluído, nos próximos dias, este levantamento dos impactos dos incêndios e todas as suas consequências", concluiu.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 42 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em Junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.