O presidente do PSD acusou esta segunda-feira António Costa de, enquanto líder do PS, ter desmentido no domingo o que disse enquanto primeiro-ministro sobre o encerramento da refinaria de Matosinhos, porque “para ele vale tudo para ganhar eleições”.
Num comício em Matosinhos, Rio disse que iria usar uma cábula para não se enganar e citou declarações de António Costa, feitas em maio de 2021 sobre o mesmo assunto, segundo as quais o primeiro-ministro terá dito que o encerramento da refinaria de Matosinhos era “um enorme ganho para a redução de emissões”.
“Ontem veio na qualidade de secretário-geral do PS desmentir formalmente o primeiro-ministro António Costa, foi isso que ele ontem veio aqui fazer”, acusou.
No domingo, também num comício em Matosinhos, Costa considerou que “era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade” como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma “lição exemplar” à empresa.
“Eu não sei qual é a lição exemplar que o secretário-geral do PS António Costa quer dar à Galp que o primeiro-ministro António Costa, em maio, não deu”, criticou o líder do PSD.
Para Rio, “o PS tem consciência de que as eleições autárquicas lhe podem correr mal, quando um homem experiente como o dr. António Costa mente desta forma tão descarada no mesmo sítio no mesmo espaço de quatro meses”.
“Para ele em eleições vale tudo, desde que renda votos ao Partido Socialista”, acusou.
Com ironia, o presidente do PSD deixou ainda um conselho ao PS para a noite eleitoral do próximo domingo.
“Uma vez que hoje já é segunda, devia começar rapidamente a escolher a empresa de sondagens que, depois dos resultados autárquicos, vai dizer que, se fossem eleições, legislativas o PS teria tido uma grande vitória”, disse.
“É bom que o PS escolha já a empresa de sondagens, porque vai precisar dessa sondagem, vai precisar que seja empresa amiga e de comentadores amigos”, acrescentou
O líder do PSD considerou que, apesar de se tratar de eleições locais, as pessoas não esquecerão a governação nacional.
“Se não é prestigiante andar a prometer tudo e mais alguma coisa, menos ainda é desmentir-se desta forma”, considerou.
Em maio, no encerramento de uma conferência promovida pelo Grupo dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu, em Matosinhos, o primeiro-ministro apontou o fecho da refinaria como um exemplo dos desafios que se colocam no domínio ambiental e que exigem um pilar social forte na Europa para a criação de oportunidades de emprego.
“Neste concelho de Matosinhos, acaba de encerrar uma refinaria. Foi um enorme ganho para a redução das emissões, mas, também, um enorme problema pela necessidade de garantir emprego a todos aqueles que aqui trabalhavam", referiu então António Costa.
Sobre as autárquicas em Matosinhos, Rio admitiu que se trata de “um concelho difícil para PSD e CDS-PP”, mas defendeu que seria “muito positivo” que houvesse rutura com a governação socialista que se “arrasta há tantos amigos”.
Além de Bruno Pereira (que concorre pela coligação PSD/CDS-PP), concorrem à Câmara Municipal de Matosinhos a atual presidente, Luísa Salgueiro (PS), José Pedro Rodrigues (CDU), Carla Silva (BE), Nuno Pires (PAN), Humberto Silva (Iniciativa Liberal), Isabel Pontes (Chega), Joaquim Jorge (independente) e António Parada (independente).
O atual executivo municipal, liderado por Luísa Salgueiro, é constituído por cinco eleitos pelo PS, dois pelo movimento "Narciso Miranda, por Matosinhos", dois pelo movimento "António Parada, Sim!", um do PSD e outro da CDU.