Há alguns países determinantes na composição do próximo Parlamento Europeu. Desde logo a Alemanha, que elege 96 deputados. As previsões apontam para uma vitória do partido da Chanceler Angela Merkel, seguido pelos Verdes e pelos Sociais-Democratas. Mas as atenções vão também estar viradas para o partido nacionalista e anti-imigração Alternativa para a Alemanha que deverá aumentar a sua representação, restando saber a dimensão desse reforço.
Já em França, o combate político trava-se entre o partido pro-europeísta do presidente Macron e o partido anti-imigração e anti-Bruxelas da nacionalista Marine Le Pen. Os dois estão lado a lado nas sondagens, podendo cada um obter cerca de 20 deputados - mais de metade dos 74 que os franceses elegem.
Em Itália, a situação está mais desequilibrada a favor dos nacionalistas da Liga. As previsões dão o partido de Matteo Salvini vencedor, elegendo mais de 20 deputados em 73. O movimento populista 5 Estrelas ficará em segundo.
Já em Espanha, os partidos pró-europeus – PSOE, PP e Ciudadanos - deverão obter uma ampla maioria dos 54 eurodeputados. Também o ultra-nacionalista Vox deverá eleger representantes estreando-se no Parlamento Europeu.
Tirando o Reino Unido, que está em modo de Brexit, é nestes quatro países que se determina grande parte composição do futuro Parlamento. Alemanha, França, Itália e Espanha elegem cerca de 40% dos eurodeputados. Mas há outra razão determinante: é que, nestes quatro países, também serão eleitos muitos deputados nacionalistas que são contra a União e não escondem que querem acabar com o actual projeto europeu.
Imigração: um dos grandes problemas da UE
O problema mantém-se e continua a ter contornos graves. Mas continuou a não ser muito debatido nestas eleições europeias. Quando o foi, observa o jornalista Celso Paiva, “foi inserido na narrativa que levou ao crescimento dos populismos, nacionalismos e outros extremismos e não com reflexões que contribuam para soluções de médio e longo prazo”.
Numa altura em que há sinais de alguma melhoria, com a redução dos fluxos migratórios de travessia mediterrânica, sobretudo da Síria (onde a guerra parece estar prestes a acabar), a verdade é que, em países como a Grécia, Itália e Espanha, há ainda largas dezenas de milhares de pessoas à espera de uma solução.
Para além disso, e mesmo que os fluxos sejam agora menores, chegam todos os dias às fronteiras externas da Europa centenas de pessoas que pedem ajuda. As fronteiras terrestres da Bulgária e da Roménia, por exemplo, são das principais rotas de entrada nesta altura. E, para gerir o problema, a UE não tem neste momento nenhum programa específico. Não tem nada parecido com aquilo que tinha em 2016, o processo europeu de recolocação de refugiados (programa que desafiava os países europeus a receber 160 mil pessoas que tinham chegado à costa sul, no pico mais mediático desta crise humanitária). O programa durou dois anos, mas não se pode dizer propriamente que tenha sido um sucesso. Mas agora nem plano existe.
Actualmente Bruxelas conseguiu, de algum modo, retomar o contacto e controlo de saída dos países de origem destes refugiados, algo que conseguiria facilmente antes da chamada “Primavera Árabe”. Agora, a estratégia tem sido a de condicionar a assinatura de acordos bilaterais com esses Governos, sob a obrigação de estes controlarem as suas fronteiras, travando a saída rumo à Europa. Entretanto, compensa-se a Itália, Grécia e Espanha com milhões de euros pelos milhares de pessoas que ainda continuam em campos de refugiados.
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