O IVA Zero no cabaz de bens alimentares essenciais teve impacto positivo na vida das pessoas, disse esta quinta-feira o economista João Duque.
Em declarações à Renascença, João Duque afirmou que “não há a mínima dúvida de que houve um benefício” para as pessoas, dado que “os intermediários, a rede de retalho, ficaram mesmo com IVA Zero”.
Contudo, “com o evoluir dos preços durante o ano, esse benefício rapidamente foi comido e as pessoas acabam por não sentir, porque, na prática, também não era muito significativo o valor do IVA Zero, porque se aplicava a produtos em que o IVA já era muito baixo em muitos casos”, explicou.
Isso justifica a perceção das pessoas de que a medida introduzida pelo Governo não resultou.
Questionado sobre o comportamento dos consumidores neste final de ano, o economista não se mostrou surpreendido.
“Sinceramente, acho que era de esperar, porque os aumentos salariais da maior parte dos portugueses ocorreram muito no início do ano de 2023, e a inflação continua a fazer sentir-se durante todo o ano e, portanto, vamos tendo cada vez menos folga”, explicou.
Por outro lado, “em cima da inflação, há um problema que afeta muitos portugueses que, de facto, foi o aumento das taxas de juro e o acréscimo muito significativo dos valores que pagam mensalmente para amortização do capital de juros”.
Tendo também em conta “o facto das poupanças feitas durante a pandemia já se terem ido por outras vias“, os portugueses debatem-se com falta de dinheiro e esperam que “no próximo mês, mesmo com o IVA aumentado, talvez os aumentos salariais e as atualizações salariais de que venham a beneficiar, possam compensar”.
Sobre a possibilidade de virem a ser criados outros apoios, o economista disse acreditar que sim, mas “para os que mais necessitam.”