“Cheguei à conclusão de que não há condições para a Assembleia da República avançar para uma revisão constitucional que permitisse o adiamento” das eleições presidenciais, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República e candidato a um novo mandato, no debate entre todos os candidatos, que decorreu esta terça-feira à noite na RTP.
Marcelo, que participou à distância, reconheceu, assim, que ainda esta terça-feira, nas conversas que manteve com os partidos, tentou perceber se havia possibilidade de consenso para uma revisão constitucional de urgência, que permitisse alterar prazos.
Não só nenhum partido a defendeu, como nenhum se mostrou disponível para tomar a iniciativa ou participar num consenso tão alargado que permitisse encurtar muito os prazos da revisão. E essa revisão é necessária a Constituição deixasse de impor a posse do Presidente a 9 de março e a sua eleição nos 60 dias anteriores ou permitisse abrir uma exceção a essas regras.
“Temos todos de fazer tudo para que não haja abstenção”, pediu o Presidente, que participou a partir da sua casa, em Cascais.
O candidato Vitorino Silva, contudo, acha que é preciso tirar consequências da abstenção e defende que um Presidente não deve tomar posse se houver mais de 50% de abstenção nas eleições presidenciais. “Teria vergonha”, disse Vitorino Silva, que desde cedo começou a alertar para o perigo que seria fazer estas eleições em janeiro, num contexto de pandemia,
“Estamos num ponto de não retorno”, resumiu o candidato da Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves, lamentando que não tivesse maior capacidade de previsão por parte do Estado.
O eventual adiamento das eleições foi o primeiro tema deste debate com todos os candidatos. O primeiro a falar foi o candidato e líder do Chega, André Ventura, que reconheceu que toda a situação provocada pela pandemia coloca grandes dificuldades à campanha, mas defendeu que não haveria qualquer hipótese de adiamento.
Ana Gomes, que à tarde tinha admitido o adiamento devido ao agravamento da pandemia, voltou a dizer que não defende esse adiamento, mas que o aceitaria. “Uma eleição democrática não pode ser uma coroação”, disse a candidata que ficou mais preocupada com a situação depois de ouvir os especialistas que falaram de manhã no Infarmed.
Quem também ouviu os especialistas foi João Ferreira, o candidato comunista que disse que não os ouviu falar em adiamento de eleições e rejeita embarcar em alarmismos. Já Marisa Matias considera que é obrigação do Governo criar “as condições necessárias para votar em segurança” e obrigação de todos apelar ao voto. A candidata bloquista manifestou-se otimista na afluência às urnas, tendo em conta o número de inscritos para votar por antecipação, no dia 17.