O Vaticano está-se a preparar para a edição, durante esta semana, de dois livros que prometem revelar polémicas e escândalos financeiros da Santa Sé.
Os dois livros incluem, por exemplo, documentos confidenciais com relatórios sobre gastos descontrolados e revelações sobre fundos de caridade com milhões de euros de onde não sai dinheiro para ajudar os mais pobres, mas para investimentos em acções e obrigações fora de Itália.
O livro “Avareza”, de Emiliano Fittipaldi, fala de fundações criadas para fins caritativos transformadas em sucursais económicas para aquisições de luxo e divulga o vasto património imobiliário do Vaticano espalhado não só por Roma, mas também em Itália, França, Grã-Bretanha e Suíça.
É dado grande destaque também para a alegada falta de controlo por parte da Santa Sé nas vendas de bens com imposto reduzido como tabaco, farmácia, supermercado e gasolina. Para aceder a estes bens no Vaticano é preciso um cartão especial. Neste momento há 41 mil utentes deste cartão, quando o Estado do Vaticano tem apenas 800 habitantes, 2.800 funcionários leigos e mil reformados.
Segundo relata o jornalista, a documentação proveniente de vários departamentos do Vaticano e relatórios dos revisores de contas – incluindo os da consultora Ernst & Young – chegou às suas mãos em várias caixas, através de um monsenhor não identificado, e grande parte da documentação é proveniente da estrutura económico-administrativa da Santa Sé, onde trabalhavam o padre espanhol Vallejo Balda e a italiana Francesca Chaouqui, detidos este fim-de-semana. Os interrogatórios no Vaticano prosseguem e o sacerdote espanhol continua preso.
Num outro novo livro, "Via Sacra”, de Gianluigi Nuzzi (que em 2012 divulgou os documentos roubados pelo mordomo de Bento XVI), são revelados relatórios secretos e gravações não autorizadas do próprio Papa durante uma reunião em que Francisco lamenta o aumento de funcionários na estrutura vaticana e mostra-se irritado pela derrapagem nas contas.
O director da Sala de Imprensa do Vaticano, o padre Federico Lombardi, comentou esta quarta-feira as revelações dos livros, dizendo que muitas delas já eram do conhecimento da Igreja e que continua o esforço por parte da Santa Sé, sob os auspícios do Papa Francisco, de reformar todo esse sector e torná-lo mais transparente.