A ministra da Saúde assegurou esta segunda-feira que o encerramento à noite da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, em Almada, é temporário e que tentará que a situação "dure o menos tempo possível".
"A posição do Hospital Garcia de Orta, sendo um hospital de tampão para a península de Setúbal, é um hospital que tem de ter a urgência noturna aberta", afirmou Marta Temido no âmbito de uma visita ao centro de saúde Rainha Dona Leonor, em Almada, que está aberto até mais tarde para tentar suprir a falta da urgência pediátrica hospitalar.
À chegada ao centro de saúde, onde foi interpelada por utentes sobre a situação do Garcia de Orta, a ministra indicou que o encerramento no período noturno da urgência pediátrica é uma situação que se deseja que se mantenha pelo "menor tempo possível".
Marta Temido assegurou que continuam a procurar pediatras interessados em trabalhar no Garcia de Orta, admitindo que a contratação de mais dois especialistas ainda não é suficiente.
"Se houver pediatras amanhã para contratar, mais do que aqueles dois que já estão autorizados, serão contratados", afirmou Marta Temido, perante cerca de uma dezena e meia de utentes que aguardavam a chegada da ministra ao centro de saúde.
A ministra visitou a equipa daquele centro de saúde que assegura hoje o atendimento das crianças até às 00:00 e admitiu que a contratação de dois pediatras, que se vão juntar a outros quatro que fazem urgência noturna no Garcia de Orta, "não é suficiente".
"Temos duas épocas no ano em que recém-especialistas entram no mercado. Isso não invalida que daqui até lá não estejamos, por todos os meios à disposição, a tentar fazer contratos. Se aparecerem pediatras antes, a resposta será mais célere", explicou Marta Temido.
Indicando que há "falta de pediatras no país", a governante lembrou que será feita uma reorganização das urgências pediátricas da área metropolitana de Lisboa, mas vincou que o Garcia de Orta terá de ter a urgência noturna aberta.
A ministra reconheceu que o encerramento temporário da urgência pediátrica no período entre as 20:00 e as 08:00 foi uma solução encontrada depois de outras terem falhado.
Segundo Marta Temido, foi solicitado o apoio a hospitais privados, para um "empréstimo" de recursos, bem como foi avaliada a possibilidade de protocolos com a União das Misericórdias Portuguesas, mas nenhuma dessas vias acabou por ser possível.
Os serviços de atendimento complementar nos centros de Saúde Rainha D. Leonor (Almada) e Amora (Seixal), passaram desde esta semana a funcionar de segunda a sexta das 20:00 às 24:00 e das 10:00 às 22:00, aos sábados, domingos e feriados. Esta medida tem como principal objetivo reforçar o atendimento das crianças habitualmente atendidas no Garcia de Orta.
A ministra da Saúde referiu, a título de exemplo, que no último fim de semana, o centro de saúde de Almada atendeu mais de 80 crianças e apenas uma teve necessidade de ser encaminhada para um serviço de urgência.
"Tenho a certeza de que as crianças que vierem aqui terão um atendimento de qualidade. Se for necessário encaminhar para outro sítio, isso será feito", afirmou Marta Temido.
Depois da meia-noite, quando também deixa de haver a alternativa do centro de saúde, a ministra recomenda aos pais um contacto com a linha SNS 24, através do 808 24 24 24.
A falta de especialistas afeta o hospital Garcia de Orta há mais de um ano, quando saíram 13 profissionais, e, segundo o Sindicato dos Médicos da Zona Sul, nem o lançamento de concursos foi suficiente para colmatar a carência porque "ninguém concorreu".
Devido à falta de especialistas, a urgência pediátrica daquela unidade hospitalar de Almada começou por fechar todos os fins de semana em outubro, entre o final de sexta-feira e a manhã de segunda-feira. Desde hoje, este serviço passa a estar encerrado diariamente no período noturno, entre as 20h00 e as 8h00.