A Ucrânia inaugurou nesta segunda-feira, na cidade suíça de Davos (onde decorre a reunião anual do Fórum Económico Mundial), uma exposição dedicada aos crimes de guerra da Rússia após a invasão, avança a agência de notícias Efe.
A “Casa dos Crimes da Rússia” é uma exposição de fotos, mapas, vídeos e depoimentos das vítimas civis dos ataques russos – tanto testemunhas, quanto sobreviventes – e foi instalada no mesmo local que foi por muitos anos a “Casa da Rússia”, um espaço de promoção económica financiado por empresas russas e onde também se realizavam festas e 'cocktails'.
"A nossa intenção é transmitir a verdade sobre os crimes cometidos pela Rússia na Ucrânia, porque em muitos países as informações são recebidas através de notícias ou das redes sociais, mas estamos aqui para expor a verdade de dentro, da nossa experiência em primeira mão", disse à Efe Lyudmila Denisova, procuradora ucraniana que participou na abertura da exposição.
"Queremos que todos entendam que a Ucrânia está a lutar pelo seu destino e que precisamos de mais ajuda, armas e sanções contra a Rússia", disse Denisova.
A procuradora faz parte da delegação ucraniana que participa no Fórum de Davos 2022, liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmitro Kuleba, que é integrada também por vários parlamentares.
Exposição e debate
A inauguração coincidiu com a intervenção por videoconferência no Fórum de Davos do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, cuja mensagem aos líderes mundiais foi cuidadosamente seguida pelos inúmeros visitantes da "Casa dos Crimes da Rússia", onde serão organizadas até à próxima quinta-feira várias reuniões para discutir a guerra e as suas consequências.
Zelenskiy pediu a retirada completa das empresas estrangeiras da Rússia, referindo que as mesmas podem deslocar-se para a Ucrânia e participarem na reconstrução do país no pós-guerra.
O discurso do Presidente da Ucrânia abriu a 51.ª edição do Fórum Económico Mundial, que decorre até quinta-feira em Davos, na Suíça.
Os organizadores do Fórum decidiram não convidar para a edição deste ano os representantes do Governo russo ou empresas daquele país, que costumavam viajar para Davos com grandes delegações.
Milhões de pessoas a precisar de ajuda
A guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas – cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos – de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.