Adolfo Mesquita Nunes, ex-deputado do CDS-PP e antigo secretário de Estado do Turismo, anunciou, este sábado, no Facebook que vai deixar o partido no qual se filiou há 25 anos.
“O partido em que me filiei deixou de existir“, escreveu, pouco depois do final de um Conselho Nacional em que o atual líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, adiou as eleições internas para depois das legislativas.
"Nunca pensei pedir a desfiliação do partido em que milito há 25 anos, a quem tanto devo e a quem entreguei boa parte da minha vida, do meu empenho e do meu entusiasmo”, lê-se na nota publicada na página de Facebook de Adolfo Mesquita Nunes.
“Se o faço hoje, no que provavelmente é o mais difícil ato político da minha vida, é porque o partido em que me filiei, o CDS das liberdades, deixou de existir”, acrescentou.
“Os tempos são outros, agora“, lamenta o ex-secretário de Estado, acrescentando que “a diversidade é vista como fraqueza, perda de identidade, como se só houvesse uma única e legítima forma de ser do CDS”. No atual CDS-PP, diz, “a contemporaneidade é vista como uma ameaça, como se as novas gerações e as suas preocupações fossem a degenerescência de uma ordem moral ideal”.
O antigo dirigente do CDS-PP não deixou críticas diretas ao líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, mas assinalou “profundas discordâncias com o rumo seguido pela direção eleita”.
“Fundamento esta desfiliação na convicção de que o CDS é hoje, estruturalmente, um partido distinto daquele em que me filiei, um partido que quer afastar-se do modelo de partido que servi como dirigente”, justificou o antigo secretário de Estado do Turismo, durante o Governo de Pedro Passos Coelho.
Para Adolfo Mesquita Nunes, no CDS-PP atual “a contemporaneidade é vista como uma ameaça” e a liberdade como “algo de relativo”.
“Nunca me imaginei em discussões sobre se alguém do CDS pode não gostar de touradas, se pode ser vegetariano, se pode divorciar-se, se pode amar quem quiser, se pode não ser crente. Mas essas discussões vieram para ficar e dão bem conta das novas prioridades do partido”, apontou o antigo deputado.
Mesquita Nunes criticou ainda a decisão de adiar o congresso do partido, conhecida depois do Conselho Nacional que decorreu na noite de sexta-feira.
“Como é possível que o CDS aceite que uma direção retire aos militantes o direito de escolher o seu líder e a sua estratégia; e que o faça num Conselho Nacional ilegalmente convocado e ignorando as decisões do órgão jurisdicional do partido; e ainda para mais para manter uma direção cujo mandato termina em janeiro?”, questionou-se.
“Deixo o CDS sem uma gota de arrependimento pelo percurso que nele fiz durante 25 anos. Foi uma honra ter servido e representado o CDS e é com orgulho que olho para o que, com erros e acertos, fomos capazes de fazer em nome da direita das liberdades. […] O meu valor primeiro é o da liberdade. Nunca o comprometi ao ser do CDS. E é em nome da liberdade que me desfilio”, rematou.