O líder parlamentar do PS sugeriu esta quinta-feira que o PSD terá inviabilizado o nome de João Cotrim de Figueiredo (IL) para a vice-presidência da Mesa do Parlamento, baseado nos resultados dos candidatos dos vários partidos.
Eurico Brilhante Dias falava aos jornalistas na Assembleia da República depois de os deputados terem ‘chumbado’ os nomes propostos por Chega e Iniciativa Liberal para duas vice-presidências do Parlamento. Foram eleitos apenas dois dos quatro candidatos a vice-presidente, Edite Estrela (PS) e Adão Silva (PSD).
“No que diz respeito à vice-presidência, os senhores jornalistas têm acesso aos resultados parciais das votações e não é difícil perceber qual foi o partido político que quis inviabilizar a candidatura do deputado Joao Cotrim Figueiredo”, afirmou.
Para o líder parlamentar do PS, este dado “é claro e objetivo” e “qualquer leitura dos resultados é relativamente fácil de perceber”.
“Mas naturalmente o voto é secreto e, portanto, esta afirmação carece de poder verificar-se, mas da leitura dos resultados não restam dúvidas de quem entendeu vetar o nome do senhor deputado Cotrim Figueiredo”, afirmou.
Questionado diretamente sobre se estava a referir-se ao PSD, Eurico Brilhante Dias respondeu: “Eu não posso fazer essa afirmação perentória, não a farei. Mas os senhores jornalistas facilmente olham para os resultados eleitorais e conseguem perceber objetivamente qual a variação de resultados entre candidatos e aquilo que aconteceu em particular ao deputado João Cotrim de Figueiredo. Não será difícil perceber”, vincou.
Eurico Brilhante Dias quis sublinhar que “a maioria dos deputados desta assembleia que pertence ao grupo parlamentar do PS votou naturalmente e viabilizou candidatos que não eram do PS por considerar que o resultado das eleições de 30 de janeiro levava a essa constituição mais diversa do que naturalmente uma constituição que fosse apenas definida pela maioria parlamentar”.
O líder parlamentar socialista registou ainda “a forma humilde e democrática com que a IL, e em particular o senhor deputado João Cotrim Figueiredo, aceitou o resultado eleitoral”.
“Em eleições ganhamos e perdemos. O senhor deputado teve muitos mais votos do que os votos possíveis a partir do seu grupo parlamentar, teve mais 100 votos do que os votos da IL do seu grupo e isso demonstra bem em como em liberdade votamos e como em humildade democrática o senho deputado aceitou o veredito”, vincou.
Quanto aos deputados do Chega, Brilhante Dias afirmou que “foi o resultado natural, repetido duas vezes, porque em consciência os deputados da generalidade dos partidos consideraram que não era adequado que uma força política não democrática pudesse estar representada na Mesa da Assembleia da República”.
“Os deputados do PS distinguiram de forma clara candidatos de forças políticas democráticas de candidatos de forças políticas antidemocráticas e com forte conotação racista e xenófoba, e isso ficou evidente na votação de hoje”, sublinhou.
Já quanto às declarações do deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro, que momentos antes tinha afirmado que não foi eleito para a vice-presidência da Mesa por “questões raciais”, Brilhante Dias disse apenas que ouviu “alguns comentários” mas pareceram-lhe “absolutamente deslocados já que é evidente que não houve nenhuma questão étnica nem racial”.
O grupo parlamentar do PSD tem um total de 77 deputados e os seus candidatos aos lugares da Mesa da Assembleia da República obtiveram sempre mais do que 180 votos – resultados sempre acima dos candidatos do PS, que tem maioria absoluta na Assembleia da República.
João Cotrim Figueiredo conseguiu 108 votos favoráveis, 110 brancos e seis nulos e a sua bancada tem oito deputados, não tendo alcançado a maioria absoluta necessária de 116.